Daqui nós tira um ouro de chá! Umbanda, Santo Daime e xamanismo popular no tratamento religioso de patologias físicas, mentais e espirituais: o caso de um Terreiro alagoano

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: LIRA, Wagner Lins
Orientador(a): MEDEIROS, Bartolomeu Tito Figueiroa de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Antropologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/22380
Resumo: Substâncias sacramentais vêm sendo ministradas ritualmente em meio a práticas tradicionais e populares diante do recobro da saúde, desde os tempos mais remotos com propósitos específicos, tangencialmente referentes ao tratamento e à cura de patologias de ordem física, psíquica, espiritual e também moral. Como objetivo de análise esta tese traz, antes de tudo, a problemática histórica, social e antropológica do uso, do abuso e da dependência em substâncias psicoativas, assim como as possibilidades terapêuticas “paramédicas” propiciadas pelo consumo ritualístico e contemporâneo da beberagem ayahuasca, em seus variados modelos terapêuticos e doutrinários emergentes no Brasil e no mundo. Para tal, além de revisões metodológicas, teóricas e historiográficas sobre esta temática específica, nosso texto se propende a trazer - como estudo de caso etnográfico – a análise de um Terreiro “afro-ayahuasqueiro” situado na cidade de Japaratinga; Litoral Norte do Estado de Alagoas. Aqui, demonstraremos a emergência de um novo modelo ayahuasqueiro nordestino de matriz africana, cuja cosmologia em construção permite-se ao diálogo simbólico e cultural com práticas daimistas, umbandistas e vegetalistas (atreladas ao mesmo processo mítico e ritual) frente ao acolhimento de desditosos, que afirmam terem encontrado neste Terreiro alívio para seus infortúnios, assim como também alcançaram, ou não, a cura e a transformação na condição de vida e pessoa. Observamos que os eventos e encadeamentos metamórficos sentidos por alguns atores “curados” ou “em tratamento” no território encontram-se diametralmente atrelados ao uso desta beberagem enteogênica, quando associado aos fenômenos da corporeidade, das performances rituais e metáforas de ordem religiosa, além dos eventos condizentes à sociabilidade e persuasão advindas do sentimento de pertencimento compactuado pelos atores que frequentam esta comunidade mágica e moral.