Por uma educação transpessoal periférica : contribuições desde as infâncias de(s)coloniais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: ANDRADE, Alice dos Santos
Orientador(a): FERREIRA, Aurino Lima
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Educacao
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/51413
Resumo: O contexto educacional brasileiro ainda se apoia em uma concepção de infância universal, imaginária e insólita. Imagem essa fraturada que, sem ser levada a sério, é produto do olho adulto colonizado e fruto de uma história única que insiste em invisibilizar, silenciar e desqualificar formas outras, mais periféricas de conceber as infâncias. A presente pesquisa objetivou, de modo mais amplo, investigar as concepções de(s)coloniais de infâncias de modo a pensar suas implicações e possíveis contribuições para a emergência de uma Educação Transpessoal Periférica. De forma mais específica, buscamos mapear, no campo filosófico-educacional brasileiro, concepções de(s)colônias de infâncias no intuito de apontar rastros que favoreçam um deslocamento na estética colonial e uma oposição às bases adultocêntricas de conceber a experiência infantil e assim apresentar desde as noções de infâncias mapeadas até uma perspectiva de Educação Transpessoal Periférica, que nos possibilite de(s)colonizar as matrizes transpessoais no contexto educacional, fazendo com isso da infância uma experiência potencializadora do pensamento e articuladora de uma nova relação entre transpessoalidade e educação. Estudo qualitativo baseado na investigação intuitiva transpessoal, mescla processos da pesquisa teórica-bibliográfica com elementos de uma escrevivência buscando sentirpensar os textos mapeados, selecionados, lidos e fichados com um mergulho nas memórias de uma experiência sensível junto ao Centro Infantil Jardim de Lótus da organização social NEIMFA, na comunidade do Coque, periferia da região metropolitana do Recife. Os resultados indicaram sete concepções de(s)coloniais de infâncias: A) Das infâncias, enquanto mediadoras cosmológicas entre os mundos, as famílias e as pessoas; B) Da Infância, enquanto modo brincante de apreender e habitar o mundo; C) Da infância, enquanto potência de reinvenção e reinterpretação; D) Da infância, como milagre; E) Da infância, como vontade desmesurada de saborear a realidade; F) Da Infância, como “portadoras” de potências e G) Da Infância, como experiência de alteridade. Concepções essas que abriram margem para que pudéssemos repensar a Educação Transpessoal de uma perspectiva periférica a qual nos leva para as regiões fronteiriças do ser e do saber e emerge como sete grandes imagens: I) A Educação Transpessoal como território cosmopolítico-educacional; II) A Educação Transpessoal como experiência brincante de aprender e ser; III) A Educação Transpessoal como território de reinvenção de si e do mundo; IV) A Educação Transpessoal como abertura ao encantamento; V) A Educação Transpessoal como território de experimentação e afecção; VI) Educação Transpessoal como espaço para recuperação e incitação à potência de vida e VII) A Educação Transpessoal como experiência de abertura às diferenças. A Educação Tranpessoal Periférica que emerge a partir dessas outras infâncias não só traz consigo elementos gerais: integralidade, multidimensionalidade, espiritualidade; mas amplia seus referenciais para abarcar, escutar, se afetar e acolher os outros sujeitos da educação e seus modos próprios de existir. As concepções não lineares e de(s)coloniais de infâncias mapeadas apresentam o potencial para criarmos e fecundarmos uma nova articulação entre transpessoalidade e educação: mais periférica e mais sensível aos sons, gestos, rostos, epistemologias, cores e vidas que habitam nas margens dos mundos. Capaz de resistir à lógica colonial de epistemicídios e seus efeitos excludentes e necropolíticos.