Posicionamentos e estratégias sindicais no contexto dos conflitos do trabalho em Suape: uma expressão da nova morfologia do sindicalismo brasileiro nos anos 2000

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: FERREIRA, Crismanda Maria
Orientador(a): AMARAL, Ângela Santana do
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Servico Social
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/32412
Resumo: Esta dissertação analisa o posicionamento das centrais sindicais e suas estratégias de lutas produzidas nos processos que envolveram os conflitos do trabalho no Complexo Industrial e Portuário de Suape (2011-2015). O estudo, de caráter qualitativo, foi realizado a partir de pesquisa bibliográfica sobre o neodesenvolvimentismo latino americano e a particularidade da atuação sindical brasileira neste período e pesquisa documental, consubstanciada em mapeamento e análise de documentos (Acordos Coletivos de Trabalho) e dos informativos das mídias sindicais (Central Única dos Trabalhadores, Força Sindical e Central Sindical e Popular- Conlutas). Abordamos as mudanças significativas na economia brasileira e pernambucana nos anos 2000, marcado pelo ideário de conciliação entre desenvolvimento econômico e inclusão social e que, ao nosso ver, impactou diretamente o movimento das lutas sociais no país, notadamente, em sua expressão tradicional, o sindicalismo. O movimento sindical, durante os governos Lula da Silva e Dilma Rousseff, reconfigurou sua atuação a partir de uma aproximação com as pautas dos governos democrático-populares eleitos, gerando tensões e questionamentos acerca de seu protagonismo e representatividade no contexto dos conflitos do trabalho nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a exemplo de Suape. A emergência das lutas dos operários nos grandes empreendimentos denunciou as precárias condições de trabalho e vida dos trabalhadores e deu visibilidade política aos limites do desenvolvimento em curso. Essas resistências, contudo, foram compreendidas por parte das centrais sindicais enquanto “conflitos de interesses” entre trabalhadores e empresariado, cujas estratégias de atuação seriam as instâncias de negociação/diálogo junto com o Estado e empresas ou as vias judiciais. A CUT, devido sua aproximação histórica com o Partido dos Trabalhadores, incorporou o discurso do “milagre brasileiro”, em especial, da distribuição de renda, de maneira que suas análises e estratégias sustentaram o projeto governista em curso. Já a Força Sindical teve a subordinação ao patronado como marca central de sua atuação, apontando no sentido de controle e contenção dos conflitos. Por sua vez, a CSP-Conlutas, se opondo a estas duas perspectivas, tentou estabelecer uma relação direta com as lutas movidas pelos trabalhadores, reivindicando uma posição combativa e se afirmando enquanto alternativa de organização política, ainda que, concretamente, também não tenha conseguido canalizar seu protagonismo sindical na totalidade das lutas construídas pelo operariado. Neste contexto, entendemos, portanto, que o transformismo da direção do sindicalismo brasileiro, configurando uma morfologia sindical que priorizou sua relação com a burocracia de Estado e o patronato, esvaziou a dimensão classista dos conflitos do trabalho em Suape e, do ponto de vista tático-estratégico, não contribuiu para construção de um projeto para além das demandas imediatas dos trabalhadores.