Uma comédia sobre a tristeza : desgosto, ironia e heresia no romance Glória de Victor Heringer
Ano de defesa: | 2023 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
UFPE Brasil Programa de Pos Graduacao em Letras |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/52482 |
Resumo: | A pesquisa procura demonstrar que em Glória (2012), romance de Victor Heringer, há um duplo procedimento através do qual reconhecemos a possibilidade de apreensão de um mal-estar característico da contemporaneidade, ao mesmo tempo que o expressa não apenas tematicamente, mas sobretudo através de elementos literários formais. Segundo Joel Birman (2012), podemos caracterizar o mal-estar atual como um sentimento de vazio de existir, e que no romance ganha corpo naquilo que o narrador chama de desgosto. Tal mal-estar apresenta-se na narrativa através da articulação formal de um herói crivado pela tragicidade e cuja ação do enredo dialoga com a tradição da comédia. Glória narra a trajetória dos irmãos Alencar Costa e Oliveira – formada por Benjamim, um artista frustrado; Daniel, um burocrata bem sucedido; e Abel, um pastor em ascensão – família cujos integrantes estão fadados a morrerem não de acidente ou doença, mas de desgosto, melancolia aguda e imprevisível que os ronda de geração em geração. Assim, como resultado, percebemos que é pela redimensionalização do herói, cujo mundo não é mais sua medida (LUKACS, 2012), e atravessado pela ironia inventiva que Heringer organiza o desgosto como traço estruturante de seus heróis e com isso não apenas problematiza as supostas panaceias que davam horizonte ao sujeito, mas traz em seu bojo uma reflexão sobre a linguagem do Romance enquanto gênero literário. Por fim, observamos como a ironia heringeriana é a resposta do autor a uma das principais questões teóricas da literatura que atravessou o debate crítico do seculo XX, a crise da representabilidade, a qual Heringer incorpora ao seu modo de expressão através da heresia formal, para refletir ficcionalmente acerca de seu tempo, e sobretudo o fazer artístico de seu tempo. |