Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
MAGALHÃES, Gustavo Sérgio de Godoy |
Orientador(a): |
PADILHA, Maria Auxiliadora Soares |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Educacao Matematica e Tecnologica
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/45492
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Resumo: |
As tecnologias digitais agenciam novos modos de fazer educação. No borramento das fronteiras entre o real e o virtual, o currículo é percebido como movimento mediado por relações entre humanos, objetos e suas circunstâncias. Nas escolas médicas, professores e estudantes se deparam com um contexto de crise consequente do predomínio da técnica, a qual, por um lado, impulsionou o conhecimento científico sobre as doenças, por outro, ignorou a produção de subjetividade no cuidado em saúde. No Brasil, o desenvolvimento econômico concentrado em grandes centros urbanos gerou iniquidades na formação dos médicos, dificultando o acesso à saúde para os brasileiros residentes no interior do país. Para dirimir este problema, políticas públicas têm incentivado a expansão e a interiorização do ensino superior na medicina com a abertura de novos cursos de graduação. A partir dos Estudos de Ciência e Tecnologia, a teoria ator-rede abriu um campo transdisciplinar que percebe o “social”, a exemplo de um curso de medicina, como um princípio de conexões, através de um movimento de associações onde nenhuma entidade tem importância superior a outra. Esta tese parte do pressuposto de que é possível mobilizar as mudanças necessárias na formação dos médicos, ao reconhecer o coletivo de entidades, humanas e não- humanas comumente invisibilizadas em redes de relações complexas e incertas. Mediados pela teoria ator-rede, a partir do plano metodológico da cartografia das controvérsias, investigamos o desenvolvimento de um curso de medicina, iniciado em 2014 na cidade de Caruaru, interior de Pernambuco. Este curso apresenta uma proposição curricular inovadora fundamentada na aprendizagem ativa, no radical compromisso social e na integração por tecnologias digitais. A partir de métodos digitais de análise, foi possível tornar visível uma rede composta por 1.255 potenciais actantes e 1.575.025 possíveis relações em uma dinâmica contínua de traduções e delegações para o fazer-se escola médica. As controvérsias atravessaram a tessitura do currículo da formação do médico, como por exemplo, a organização por módulos interdisciplinares, a provocação cosmopolítica do laboratório de sensibilidades e a intensa mediação de um Ambiente Virtual de Aprendizagem. Além disso, o deslocamento da universidade para o interior, os dilemas da construção de uma sede própria e a interrupção das aulas por conta da pandemia da Covid-19 moveram debates e discordâncias entre os atores do curso. Com a colação de grau da primeira 10 turma em 2020, a divulgação de resultados de avaliações externas e a inauguração de um novo prédio, muitas das controvérsias pujantes nos primeiros anos do curso, estabilizaram-se. Com isso, as bases do projeto pedagógico deixaram de ser questionadas, mas ainda há indícios de controvérsias sobre o sistema de avaliação do estudante atual. As experiências desenvolvidas no período pandêmico evidenciam a maturidade de proposições já existentes de integração de tecnologias digitais ao currículo, além de mobilizar novos modos de fazer a educação híbrida. Esta tese revelou que a inclusão das diferentes entidades, humanas e não-humanas, na análise do desenvolvimento de um currículo, permite não apenas reconhecer a complexidade da gestão universitária, mas compreender que envolver-se nas controvérsias é, em si, mover-se com a organização. |