Convivendo com a alteridade : representações sociais sobre o aluno com deficiência no contexto da educação inclusiva

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: de Mendonça Vasconcellos, Karina
Orientador(a): de Fátima de Souza Santos, Maria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/8246
Resumo: Vivemos um período de conturbadas mudanças sociais geradas no bojo de um novo projeto de Brasil e de mundo, no qual a inclusão social e a valorização da diversidade têm sido importantes bandeiras de luta. Nesta nova conjuntura social, o projeto da escola inclusiva pressupõe que o acesso de todos à escola é um importante meio para garantir a equidade de direitos e reduzir as diferenças sociais fundadas na exclusão de grupos minoritários. Nossas escolas, então, têm se tornado um lugar privilegiado de encontros de múltiplas alteridades e encontramo-nos diante da imposição da convivência com um grupo historicamente excluído: as pessoas com deficiência. O que acontece, então, nos planos psicológico e social num encontro deste tipo? A Teoria das Representações Sociais é um instrumental teórico consistente para a abordagem deste fenômeno, visto que analisa as teorias do senso comum, sentidos construídos coletivamente que norteiam comportamentos, justificando-os e permitindo a comunicação social. Este trabalho visou compreender as representações sociais compartilhadas por professores e alunos sobre o aluno com deficiência no contexto da escola com proposta inclusiva. Para tanto, utilizou-se uma abordagem plurimetodológica que incluiu a técnica de associação livre, desenho, entrevistas e grupos focais com alunos e professores. Realizou-se uma análise de conteúdo temática dos dados textuais e desenhos e utilizou-se o software EVOC para análise das associações livres. Concluímos que o aluno com deficiência, até então significado como incapaz e impossibilitado do convívio com os demais, ainda permanece alter e, apesar de ter sido aceito no grupo, distingue-se dele por suas diferenças que, por serem ameaçadoras, são elaboradas com vistas à proteção identitária. Neste contexto, os professores se vêm desnorteados, posto que estão vivendo um doloroso processo de renovação de todo um sistema de representações posto em questão. Este desalojamento de certezas tem sido difícil principalmente por suas repercussões identitárias. O novo desordenou o familiar, tornado estreito e incômodo, mas parece ainda não tê-lo reordenado. Os conteúdos da representação refletem ambigüidades e incertezas e o estranho permanece estranho.Esta dinâmica é vivida pelos professores num jogo de identidade e diferença repleto de afetos que, juntamente com a cognição, têm delineado os novos contornos desta alteridade. O medo do fracasso profissional, a pena do aluno por suas dificuldades, a raiva pelas dificuldades impostas por ele, a culpa pela raiva sentida, o desespero diante do não saber, o carinho emergente no contato e muitos outros afetos colaboram intensamente na construção da representação. No caso das crianças, não se identificam teorias estruturadas acerca do objeto, logo não se pode afirmar a existência de representações sociais. O grupo parece estar delineando os contornos da alteridade e os critérios de sua classificação. Ressaltam-se dimensões e mecanismos pouco abordados na teoria, como a dimensão afetiva e o caráter de dinamicidade que lhe são inerentes e os mecanismos gerados quando o novo implica uma reestruturação de sistemas representacionais antigos, enquanto o estranho ainda não é tornado familiar. Este trabalho destaca ainda a importância de se combinar diferentes procedimentos e técnicas pouco discutidos pelos teóricos