Papel do capital social na determinação das desigualdades regionais de renda no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Soares de Mesquita, Cristiane
Orientador(a): Matos Magalhaes, André
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/4018
Resumo: A relação entre a distribuição espacial de renda e o processo de crescimento econômico é uma das mais antigas preocupações da investigação econômica. Recentemente, o termo capital social tem sido trazido para o debate sobre o desenvolvimento e crescimento econômico dos países e regiões. Entretanto, sua possível relevância para explicar as desigualdades regionais no Brasil ainda não foi devidamente analisada. Será um dos pontos de análise deste trabalho seu possível papel na explicação desse fenômeno de tanta relevância para o desenvolvimento de longo prazo brasileiro. Por ser objeto recente de análise econômica e ter origem em outras ciências sociais, como sociologia e ciência política, o conceito de capital social ainda não é consenso entre os pesquisadores econômicos. Ele encontrou espaço não só no pensamento institucionalista, não se restringindo apenas às estruturas mais formalizadas, tais como governo, regime político e legislação de modo amplo, contemplando também as relações e estruturas informais, normas e valores incrustados nos hábitos e costumes de uma população. Economicamente, o capital social pode trazer maior facilidade de compartilhamento de informações e maior conhecimento mútuo, ampliando a previsibilidade sobre o comportamento dos agentes, reduzindo a possibilidade de comportamentos oportunistas e propiciando um maior compromisso em relação ao grupo. Assim, a idéia básica que emerge do conceito de capital social é de gerar confiança entre os indivíduos na sociedade e de superar, a baixo custo de transação, barreiras a interagir com outros indivíduos de forma a gerar ganhos econômicos. Utilizando esse conceito, o capital social apresentou-se como um fator importante que interfere na distribuição de renda entre as regiões brasileiras através do seu impacto sobre o crescimento econômico. Para tanto, o primeiro passo foi identificar se existiam diferenças regionais de capital social para, em seguida, observar se essas diferenças poderiam gerar as disparidades regionais de renda. Assim, identificaram-se as diferenças de capital social existente entre as regiões brasileiras através da sua medida de impacto sobre o rendimento do trabalho. A condução metodológica se orientou através do fato de que, quando um indivíduo em uma unidade familiar migra para outra unidade da federação por razões não-econômicas, ele diminui consideravelmente seu capital social individual e, portanto, seu rendimento proveniente do trabalho. Essa queda foi atenuada devido ao capital social coletivo ou regional existente em cada macrorregião e, portanto, quanto maior for esse capital social, menor será a queda nos rendimentos do trabalho. Essa hipótese foi testada utilizando os dados do Censo 2000, através de uma equação Minceriana cuja variável dependente é o rendimento de todos os trabalhos e o método utilizado foi o Seemingly Unrelated Regression (SUR). Como resultado, foi evidenciado que o capital social é maior no Sul e, depois, no Sudeste, sendo menor no Nordeste. Em seguida, foi realizado um teste empírico para avaliar se esse capital social afeta o crescimento econômico das unidades regionais dado, que existem dotações dispares de capital social entre as macrorregiões brasileiras. As estimações do impacto do capital social sobre a taxa de crescimento do PIB per capita indicam que o mesmo não é desprezível. Elas mostram que o capital social pode ser responsável por um percentual superior a 8% do PIB total brasileiro em 2005. Ainda mais, em um período de 55 anos, entre 2000 e 2055, através das simulações do PIB per capita para as macrorregiões brasileiras foi possível perceber que diferenças em capital social podem ser um dos fatores determinantes das desigualdades regionais no Brasil, tanto sendo capaz de gerar parte delas como assegurar que ela seja mantida ao longo dos anos