Problemas adaptativos da mulher abandonada pelo progenitor da criança após síndrome congênita do zika

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: CALAZANS, Juliana Cristina Cruz
Orientador(a): VASCONCELOS, Maria Gorete Lucena de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Enfermagem
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/31738
Resumo: Introdução: Diante da proporção de casos da Síndrome Congênita do Zika no Brasil, observouse uma quantidade significativa de pais que abandonaram suas famílias após a recepção do diagnóstico da malformação do filho. Assim, muitas mulheres precisaram encontrar meios de enfrentamento para se adaptar a realidade de sofrer o abandono do progenitor da criança e assumir integralmente os cuidados do filho com uma síndrome recentemente descoberta. Contudo, a adaptação e o enfrentamento só são eficazes se houver uma visão ampla dos aspectos que permeiam o problema. Portanto, o Modelo de Adaptação de Roy fornece ferramentas que fortalecem a abordagem holística e sistemática do profissional de enfermagem, auxiliando-o no esclarecimento das necessidades específicas de sua clientela e entendimento aos processos de adaptação. Objetivo: Revelar os problemas adaptativos da mulher abandonada pelo progenitor da criança após Síndrome Congênita do Zika, à luz do Modelo de Adaptação de Roy. Método: Estudo qualitativo, realizado na Região Metropolitana de Recife, Pernambuco. Colaboraram seis mães de crianças com Síndrome Congênita do Zika que foram abandonadas pelo progenitor da criança. A amostragem foi do tipo snowball e coleta das informações ocorreu de maio a novembro, através de entrevistas semiestruturadas, face a face, no local de escolha da colaboradora, com base em um roteiro pré-elaborado. A análise de conteúdo ocorreu através do referencial metodológico do Modelo de Adaptação de Roy, com ênfase nos modos fisiológicos, autoconceito, função de papel e interdependência. A pesquisa respeitou a Resolução 466/12, seguiu após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco. Resultados: As colaboradoras possuíam faixa etária de 25 a 34 anos, nível fundamental ao nível superior completo, renda familiar equivalente a um salário mínimo, maioria cristã, o tempo de relacionamento com o pai da criança antes do abandono variou de 1,5 a 13 anos. Metade das mães tinha um filho. A idade das crianças com a síndrome variou de 1,5 a 2 anos. Os estímulos focais caracterizaram-se pelo nascimento da criança com Síndrome Congênita do Zika e abandono do progenitor, os contextuais foram a rede de apoio e os recursos utilizados para adaptação. Após a interação dos estímulos foi possível identificar os seguintes problemas adaptativos: nutrição menor que as necessidades orgânicas, estratégias de enfrentamento ineficientes para os meios alterados de ingestão, padrão inadequado de atividade e repouso, potencial para distúrbios no padrão do sono, fadiga, enfrentamento ineficiente das modificações do estado imunológico, perturbação da imagem corporal, perda, ansiedade, impotência, baixa autoestima, dificuldades no processo de transição de papel, padrão ineficiente de solidão e relacionamento e solidão. Conclusão: O diagnóstico da Síndrome Congênita do Zika, os desafios de sofrer o abandono do progenitor da criança, a sobrecarga de cuidados ao filho com malformação e os impasses sociais frente a situação vivida conduziu muitas mulheres ao desenvolvimento de problemas adaptativos. A percepção do enfermeiro associada ao modelo de adaptação de Roy, pode direcionar o cuidado que, deverá ser congruente às demandas específicas de cada mulher e facilitará a construção dos processos adaptativos adequados.