Produção de textos escritos nos anos iniciais do ensino fundamental: a ação docente no Brasil e em Portugal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: ANDRADE, Renata Maria Barros Lessa de
Orientador(a): LEAL, Telma Ferraz
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Educacao
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/16775
Resumo: Este estudo teve como objetivo analisar práticas docentes em situações de produção de textos, buscando investigar saberes pedagógicos subjacentes ao ensino da escrita. A base teórica central do estudo foi o sociointeracionismo, sobretudo pautado no interacionismo instrumental e as reflexões sobre os gêneros discursivos. Participaram da pesquisa duas professoras e seus alunos, de duas turmas de escolas públicas, uma do último ano do Ensino Fundamental 1 (5° ano) do Recife e uma do último ano do 1° ciclo do Ensino Básico (4° ano) de Aveiro. A metodologia constou de entrevista com as duas professoras e observações de aulas nas duas turmas. Nas entrevistas, foi percebido que elas acreditavam que a formação inicial para o ensino de produção de textos tinha sido insuficiente, sobretudo porque reconheciam que as demandas escolares e concepções sobre o que seria ensinar a língua materna tinham mudado. Em contrapartida, foi percebido que elas valorizavam os conhecimentos produzidos nos cursos de formação continuada e em diferentes momentos da entrevista indicaram diferentes fontes de conhecimentos para a organização do trabalho pedagógico. As docentes também evidenciaram que os conhecimentos oriundos desses diferentes espaços e materiais de formação passavam por um processo de validação que ocorria na prática de ensino, que, segundo elas, também favorecia a construção de conhecimentos. Quanto às observações da prática das duas professoras, foi possível identificar algumas dimensões pedagógicas que estão presentes no dia a dia da sala de aula, que estão relacionadas aos saberes específicos relativos ao ensino de produção de textos, e dimensões que não estão restritas ao trabalho com o eixo de produção de textos, mas que influenciam tal trabalho: forma de agrupamento dos alunos; retomada de atividades anteriores para iniciar a escrita do texto; realização de atividades prévias para a escrita do texto; leitura de textos de apoio; discussão sobre o texto lido; exibição de vídeo; projeção de textos; escrita do texto com intervenção da professora (durante o processo); e retomada do que foi escrito a fim de refletir sobre a continuidade da escrita. Desse modo, foi possível concluir que o ensino de produção de textos demanda diferentes saberes que possibilitam o desenvolvimento de variadas estratégias didáticas de ensino de produção de textos. Foi possível também evidenciar que os diferentes saberes emergem das variadas concepções sobre o que é ensinar Língua Portuguesa. Os dados mostraram que as duas docentes proporcionaram boas condições de produção de textos aos seus alunos, entretanto apresentaram oscilações quanto à concepção de um ensino mais tradicional, em que as crianças escrevem textos a serem lidos apenas pela professora e colegas, sem delimitação de propósitos que extrapolam os objetivos didáticos, e ênfase em conteúdos gramaticais normativos, e um ensino mais voltado para as concepções do ensino a partir dos gêneros discursivos, em que as crianças escrevem para dar conta de propósitos de interação que extrapolam os objetivos didáticos, de modo a interagir por meio dos textos escritos, com leitores que não fazem parte do contexto da sala de aula. Essas oscilações na prática do professor decorrem de que os professores não buscam uma coerência teórica na construção e seleção dos saberes docentes que são mobilizados no desenvolvimento das atividades didáticas. Foi possível concluir que os saberes docentes norteiam os modos como os professores tecem suas práticas e as redes de ensino precisam levar em consideração esse movimento de profissionalização docente para subsidiarem o professor em seu trabalho.