“O parto na luz do Daime” : corpo e reprodução entre mulheres oasqueiras

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: BARRETTO, Juliana Nicolle Rebelo
Orientador(a): CAMPOS, Roberta Bivar Carneiro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Antropologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/36056
Resumo: Este estudo aborda como a gestação, o parto e o pós-parto são vivenciados por mulheres que compartilham a religião intitulada Daime. Estas mulheres são residentes da vila de Irineu Serra, localizada no município de Rio Branco, estado do Acre, Brasil. Ao longo da tese pretende-se considerar como é a relação entre Daime (bebida ayahuasca) e saúde. Como se relaciona uma bebida “professora" com o conhecimento do corpo? Qual é a percepção do corpo feminino entre essas mulheres? Como elas preparam o corpo para o parto? Como elas, baseadas em suas crenças religiosas, percebem a relação entre a ayahuasca como um psicoativo e os conceitos construídos a partir dessas experiências? O recorte empírico na vila Irineu Serra se deve ao fato de ter ocorrido ali, junto a essas pessoas, não só a instituição ritualística do Daime, como também os primeiros atendimentos de saúde vinculados à utilização da bebida dentro dessa cosmologia. Sendo assim, metodologicamente se partiu de uma abordagem qualitativa com a realização de oito meses de trabalho de campo, observação experiencial, participação nos rituais e entrevistas. Os dados apontaram a possibilidade de considerar que o conhecimento obstétrico entre as moradoras da vila Irineu Serra ocorre no âmbito religioso e tradicional. Com a expansão da ayahuasca no meio urbano, houve também uma maior participação das mulheres e, com isso, demandas específicas de seus corpos dentro de processos empíricos fisiológicos. Há, assim, uma aproximação de elementos simbólicos ligados ao sagrado, que tem como fonte de produção e vivência de conhecimento o próprio feminino. Nossa Senhora da Conceição também atua como elemento central na corporificação dessa prática, uma vez que é generalizada a noção de que Nossa Senhora, por ser mãe, também protege proporcionando bons partos. Por fim, o corpo continua sendo percebido como um espaço receptivo de energia, com suas formas de cuidado, períodos de restrição e abstinências dentro de conhecimentos tradicionais contemporâneos. A assistência à mulher gestante, parturiente e puérpera, fornecida pelos detentores da bebida, quase sempre as lideranças, mestres e dirigentes, é relacionada a todo seu contexto de vida e o protagonismo do parto é atribuído não só à mulher, mas também ao estado de proteção divina que o Daime proporciona.