João, uma criança com olhar de estrela - o autismo : um estudo de caso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: FERREIRA, Severina Silvia Maria Oliveira
Orientador(a): MARCUSCHI, Luiz Antonio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/7693
Resumo: Este trabalho tem o objetivo de mostrar, a partir do estudo de um caso, como são desenvolvidas as relações entre uma criança autista e aqueles que fazem parte de seu cotidiano. Com base em categorias extraídas da Análise Conversacional, aplicadas ao estudo da relação mãe-bebê, foi reconstituída, com fundamento numa série de depoimentos, a história de uma criança autista. Paralelamente, foi realizada a observação direta da criança, com o intuito de averiguar como se apresentam, na atualidade, as suas relações com aqueles que partilham o seu dia a dia. O aparato teórico utilizado na coleta, descrição e análise do conjunto de dados tem como princípio fundamental a linguagem enquanto anterior e constituinte do sujeito falante, cuja emergência somente é possível no sistema de relações formado pela criança e o outro. Nessa perspectiva, servem de apoio conceitual ao trabalho teorias como a sócio-cognitiva (Tomasello, 2000) e sóciodiscursiva (Bronckart, 1999), noções como a de jogos de linguagem e formas de vida (Wittgenstein, 1995, 1996a), de sujeito (Benveniste, 1988; Lacan, 1998) e de dialogicidade (Bakhtin, 1997, 1998), que destacam, em suas particulares abordagens, o papel do outro como determinante do fazer laço social. Os resultados mostram que a criança autista é considerada não responsiva, o que implica (1) a retirada do outro do seu sistema de relações, levando a criança a uma série de ações autônomas isoladas e (2) a descontinuidade freqüente das relações, limitadas, na maioria das vezes, a um único par de turno de fala, do tipo ordem-execução ou pedidoresposta. A segmentação sistemática das ações inviabiliza a construção e reversibilidade de papéis entre falante e ouvinte, condição fundamental para a construção dialógica e emergência do sujeito