Determinação do potencial inseticida de extratos e lectinas de casca de cerne de Myracroduon urundeuva contra o gorgulho do milho (Stophilus zeamais)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: BELMONTE, Bernardo do Rego
Orientador(a): PAIVA, Patrícia Maria Guedes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Bioquimica e Fisiologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/17296
Resumo: Lectinas são proteínas que apresentam atividade inseticida, sendo capazes de interferir na alimentação, desenvolvimento, reprodução e sobrevivência de insetos. Sitophilus zeamais, conhecido como gorgulho-do-milho, destaca-se como uma das principais pragas de grãos armazenados no Brasil e causa danos aos grãos de milho, trigo, sorgo e arroz. Myracrodruon urundeuva (aroeira-do-sertão) é uma árvore, madeira de lei, amplamente distribuída no Brasil. O presente trabalho avaliou os efeitos deletérios de extratos e lectinas isoladas da entrecasca (MuBL) e do cerne (MuHL) de M. urundeuva sobre o gorgulho-do-milho. Para determinação da atividade inseticida, a amostra foi incorporada a discos de farinha de trigo que serviram como dieta para os insetos durante 7 dias. As faixas de concentração testadas foram: 4 a 20 mg do extrato da entrecasca por g de farinha de trigo, 14 a 70 mg/g (extrato do cerne), 0,6 a 3,0 mg/g (MuBL) e 1,4 a 7,0 mg/g (MuHL). Após o término do bioensaio, foi avaliada a taxa de mortalidade e os seguintes parâmetros nutricionais: índice de deterrência alimentar (IDA), taxa de consumo relativo (TCR), taxa de ganho relativo de biomassa (TGB) e eficiência na conversão do alimento ingerido (ECAI). Em seguida, foram realizados ensaios com o extrato da entrecasca, extrato do cerne, MuBL e MuHL em concentrações de 20 mg/g, 70 mg/g, 3 mg/g e 7 mg/g, respectivamente, e após 7 dias, extratos de intestino dos insetos foram obtidos e avaliados quanto às atividades de protease, celulases (endoglucanase, exoglucanase, β-glicosidase), fosfatases (ácida e alcalina) e α-amilase. As dietas contendo os extratos de entrecasca e do cerne não induziram mortalidade dos insetos em um período de 7 dias de experimento, bem como não exerceram efeito deterrente sobre os insetos. Contudo, ambos os extratos interferiram nos parâmetros nutricionais dos insetos. Em todos os tratamentos com os extratos houve redução da biomassa corporal, uma vez que os valores de TGB foram negativos. Os valores de ECAI também foram negativos, variando de -3% a -70%. Com relação à TCR, os valores não foram significativamente diferentes (p > 0,05) que no controle, corroborando com a ausência de efeito deterrente. A comparação entre as concentrações testadas e os valores obtidos para os parâmetros nutricionais revela que o extrato da casca foi mais efetivo que o extrato do cerne. MuBL não induziu mortalidade em 7 dias, mas afetou a incorporação da dieta pelos insetos, como evidenciado pelos valores negativos de TGB e ECAI. Os valores de TCR foram maiores que no grupo controle, indicando a ausência de efeito deterrente. MuHL apresentou efeito deterrente variando de 44,82% (fraca) a 89,65% (forte) de acordo com a concentração e afetou fortemente a nutrição dos insetos, com valores de ECAI chegando a -360%. Uma vez que todas as amostras testadas apresentaram efeitos antinutricionais, as atividades de enzimas digestivas em insetos do grupo controle e que ingeriram os extratos e as lectinas foram avaliadas. A ingestão do extrato da entrecasca não resultou em alteração significativa (p > 0,05) das atividades de protease, fosfatase ácida, fosfatase alcalina e β-glicosidase. Já as atividades de endoglucanase, exoglucanase e α-amilase foram maiores em relação ao controle. Os insetos que ingeriram o extrato do cerne apresentaram atividades de protease, endoglucanase, exoglucanase e α-amilase menores em comparação ao controle enquanto a atividade de fosfatase ácida foi maior. No tratamento com MuBL, as atividades de fosfatase ácida e α-amilase foram menores em relação ao controle. Por outro lado, as atividades de protease, endoglucanase e exoglucanase foram maiores. No tratamento com MuHL, as atividades de fosfatase alcalina, fosfatase ácida e exoglucanase foram menores em relação ao controle. Em conclusão, extratos e lectinas de entrecasca e cerne de M. urundeuva exerceram efeitos antinutricionais sobre adultos de S. zeamais, apresentando potencial para uso no controle dos danos causados por esse inseto-praga.