Qualidade do sono, sonolência diurna excessiva, função pulmonar e tolerância ao exercício em adultos pós Covid-19

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: ALVES, Karla Michelle de Lima
Orientador(a): LIMA, Anna Myrna Jaguaribe de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Fisioterapia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/52280
Resumo: A COVID-19 e suas repercussões podem afetar o sono e outros ritmos circadianos e processos relacionados ao sono, tais como a cognição e a função imunológica. Além disso, pode haver comprometimento das capacidades funcionais, com alterações respiratórias, fadiga durante as atividades de vida diária e em repouso, baixa tolerância ao exercício e redução da função muscular periférica. Neste contexto, o acometimento sistêmico torna necessário um suporte de médio e longo prazo de serviços de saúde após a alta destes pacientes. O interesse recente na população pós-COVID-19 muitas vezes recai nas avaliações da qualidade de vida e repercussões psicológicas, sem investigar a possível relação bidirecional entre os parâmetros do sono e as capacidades físicas e funcionais desses indivíduos após a alta clínica. Verificar a associação entre a qualidade do sono, a sonolência diurna excessiva, a função pulmonar, e as respostas ao esforço submáximo em indivíduos adultos após infecção por COVID-19. Trata- se de um estudo de corte transversal, realizado na V Região de Saúde de Pernambuco. Foram incluídos 83 indivíduos maiores de 18 anos, com confirmação diagnóstica de COVID-19, até 8 meses do diagnóstico e excluídos os indivíduos que apresentem condições ortopédicas e/ou neurológicas que impediam a realização ou compreensão dos testes ou doenças cardiorrespiratórias não controladas ou agudizadas. A qualidade do sono foi avaliada pelo Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI), a sonolência diurna excessiva pela Escala de Sonolência de Epworth (ESE), a função pulmonar através da espirometria e as respostas ao esforço submáximo pelo teste de degrau de 6 minutos (TD6M). Para análise estatística, utilizou-se o software IBM SPSS versão 23.0. A normalidade dos dados foi verificada pelo teste Shapiro-Wilk e a homogeneidade de variância pelo teste F de Levene. As análises de correlação entre as variáveis: qualidade do sono, sonolência diurna excessiva, função pulmonar e respostas ao esforço submáximo foram quantificadas pelo coeficiente de correlação de Spearman. As análises de regressão linear múltipla foram realizadas entre a qualidade subjetiva do sono, sonolência diurna excessiva e as variáveis independentes que apresentaram correlação. Para todos os testes, valores de p ≤ 0,05 serão considerados estatisticamente significativos. Os resultados foram apresentados por meio de frequências absolutas e percentuais para as variáveis categóricas e medidas de média e desvio padrão para variáveis numéricas. A amostra foi composta em maior parte pelo sexo feminino (56,6%) e por indivíduos com índice de massa corporal classificado em sobrepeso (47%). Sessenta e oito por cento (68%) da amostra apresentou qualidade do sono ruim (PSQI= 6,8± 3,3) e 62,7% mostraram ausência de sonolência diurna excessiva (ESE: 8,6± 4,2) após a COVID-19. A função pulmonar esteve dentro dos valores esperados (VEF1 3,2 ± 3,1 l/s, CVF 3,4 ± 1,0 l/s, VEF1/CVF 83,8 ± 9,5%). A tolerância ao exercício esteve reduzida em 25% em relação ao predito (101,2± 35,5 subidas nos degraus). Houve correlação positiva entre a qualidade do sono e a escala de esforço percebido no sexto minuto de exercício (r = 0,28, p = 0,020) e da sonolência diurna excessiva e a SPO2 no sexto minuto do TD6M (r= 0,242, p= 0,04). A sonolência diurna excessiva e a pressão arterial sistólica (PAS) no primeiro minuto de recuperação após o exercício apresentaram correlação negativa (r = -0,30, p = 0,008). O modelo de regressão linear múltipla foi ajustado para as variáveis de esforço percebido no sexto minuto, PAS no primeiro minuto de recuperação após o esforço submáximo e SPO2 no sexto minuto do TD6M. As variáveis juntas explicam 13% da sonolência diurna excessiva em indivíduos pós-COVID-19. Não foi observada associação entre a qualidade do sono, a função pulmonar e as respostas ao esforço submáximo. A sonolência diurna excessiva apresentou associação com a escala de esforço percebido, a saturação de oxigênio no sexto minuto do TD6M e pressão arterial sistólica no primeiro minuto de recuperação do esforço submáximo. Entretanto, não houve associação entre as respostas ao esforço submáximo, a função pulmonar e a qualidade do sono. Sugerimos pesquisas futuras que avaliem as repercussões dos parâmetros do sono através de medidas objetivas do sono estratificando os grupos pela gravidade da doença.