Impactos do derramamento de petróleo de 2019 na costa pernambucana : a macrofauna do fital como indicadora

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: ALVES, Rodrigo Vinícius de Almeida
Orientador(a): ROSA FILHO, José Souto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Oceanografia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/49565
Resumo: Os recifes coralíneo-algálicos da Praia do Paiva (PE) possuem importante cobertura fitobentônica que abriga diversas comunidades de macrofauna associadas. Esses ambientes foram um dos mais atingidos pelo derramamento de petróleo na Costa Brasileira iniciado em 2019. O presente trabalho teve como objetivo utilizar a macrofauna do fital como indicador dos impactos desse desastre nas comunidades biológicas da Costa Pernambucana. De julho de 2019 a outubro de 2020 foram coletadas mensalmente nos recifes da Praia do Paiva (exceto em março de 2020) dez frondes das algas Penicillus capitatus e Jania capillacea, e em mais duas coletas em 2021 (abril e outubro) e em julho de 2022. A abundância dos tanaidáceos Chondrochelia dubia coletados entre julho de 2019 e julho de 2020 em frondes de J. capillacea correlacionou-se negativamente com a precipitação mensal, com maiores abundâncias nos meses mais secos. Houve inesperada queda significativa na abundância em setembro, possivelmente causada pelo contato com o petróleo bruto, mas a população se recuperou totalmente em dois meses, demonstrando ser uma espécie resiliente e de caráter oportunista, com parâmetros de crescimento e maturação baixos (Linf=5.26 mm; k=3.36/ano; t0=0; L50=2.3 mm) se comparados aos de outras espécies de Tanaidacea. Em nível de comunidades a epifauna das algas como um todo não sofreu quedas expressivas de abundância logo após o contato direto com o óleo, porém alguns grupos como Syllidae (Annelida) e Janaira gracilis (Isopoda) provavelmente sofreram com o impacto, enquanto a abundância de poliquetas da família Sabellidae (em especial Branchiomma luctuosum) tendeu a crescer após o derramamento. As comunidades epifaunais de ambas as algas apresentaram respostas distintas em relação ao desastre, com perda imediata de táxons (principalmente espécies raras) no fital de J. capillacea e aumento de riqueza no fital de P. capitatus pouco depois do evento, voltando aos níveis normais em alguns meses. As abundâncias de alguns táxons também se correlacionaram significativamente à abundância de Amphipoda, que pode ter sofrido um impacto de mais longo prazo devido à combinação sinérgica do derramamento de óleo com o período chuvoso. Além de fatores abióticos, destacam-se a heterogeneidade de hábitat, a conectividade e a manutenção de “espécies-chave” engenheiras de ecossistema (em especial anfípodes) como fatores fundamentais para a resiliência e estabilidade das comunidades epifaunais após impactos ambientais como derramamento de óleo.