Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
SANTANA, José Diêgo Leite |
Orientador(a): |
FERREIRA, Aurino Lima |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Educacao
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/56433
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Resumo: |
A decolonialidade nos possibilita pisar um chão ontológico, axiológico e epistêmico outro em que revisitamos categorias historicamente hegemônicas e que definem os modos, na modernidade, de ser, saber e poder. Especialmente no que se refere à educação e sua relação com a formação humana e a espiritualidade, vivenciamos processos de esvaziamento de nossas experiências mais profundas. Assim, a nossa realidade passa a ser formada em arquiteturas que perpetuam as matrizes coloniais de nossa percepção de mundo. Implica disso uma redução da educação apenas como uma ferramenta para instrumentalizar as pessoas – a formação humana centrada em um humanismo europeu que exclui outros modos de humanidade e a espiritualidade como um dispositivo de experiência dualista do mundo que favorece uma hierarquia entre mente e corpo, cognição e sensibilidade, ideia e matéria. Pensamos então, em espiritualidades no seu sentido plural. Isso nos leva a marcadores de experiências que foram subalternizados; encontramos o encobrimento de nossa amefricanidade, que é a territorialidade e fronteira existencial que nos foi denegada pelo projeto moderno/colonial. Nossa identidade híbrida, nunca fixa, mas fluida e mobilizadora é amefricana. Entendemos que a experiência de corpos amefricanos – que chamamos de corpo-Améfricas – possibilita vivências espirituais desalojadoras de modos modernos/coloniais, criando realidades e sujeitos outros que são reduzidos, deslegitimados ou hierarquizados pelo pensamento ocidental moderno. Chamamos de esquizoespiritualidade esse engajamento espiritual que é política, estética e culturalmente localizado ao Sul epistêmico e que considera a necessidade de fissuras nos modos redutores e hegemônicos de produção do conhecimento moderno. A esquizoespiritualidade é uma atitude criativa, participativa de mundos diversos que foram colonizados; um contra-modo ontológico e incorporado de perceber a realidade para além da arquitetura colonial. Resulta disso compreensões outras sobre a formação humana que tem como interesse o pleno florescimento do(s) humano(s), do extra-humano(s) e das animalidades. Percebemos a educação como processo de movência pelas marcas coloniais que nos foram impostas e que tem como centralidade nosso corpo integral e multidimensional. Trata-se de deseducar ou de prover educações outras. Nosso objetivo foi compreender quais sentidos esquizoespirituais o corpo- Améfricas poderia produzir para repensarmos a educação moderna/colonial e, consequentemente, a formação humana. Estruturamos a tese em três marcadores: esquizoespiritualidade, corpo-Améfricas e formação humana. Metodologicamente pensamos um processo de construção da tese como uma experiência transmetodológica. A relação de estar no mundo em ruínas e de cocriar mundos mais justos passa pela escolha do método. É assim que nosso processo transmetodológico se compromete com a vida tornada indigna. Nosso esforço teórico assenta-se na realidade colonial brasileira reencenada na atualidade: corpos alvos que são objetos, abjetos, animalizados. Provisoriamente, esta tese torna-se uma imagem. Uma imagem por vir, uma imagem qualquer de um mundo mais justo. Uma imagem evocativa sobre nossas crianças maltrapilhas, esgarçadas pela violência colonial. Uma imagem de esperança e de utopias reais. Deixemos então, vir o que pode ser. Eis a formação humana que tem como eixo a esquizoespiritualidade. |