A força imagética em contos de Ronaldo Correia de Brito

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: FIGUEIREDO, Mônica dos Santos Melo
Orientador(a): FERREIRA, Ermelinda Maria Araújo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Letras
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/45625
Resumo: Importante nome na literatura brasileira contemporânea, Ronaldo Correia de Brito apresenta uma produção diversa. O escritor, dedicado também à prática da medicina, algo que se reflete na sua criação, atua como cronista, romancista, contista e dramaturgo. Encenador de teatro, dirigiu ainda para cinema. Exerceu curadoria de arte e conviveu com artistas plásticos notáveis. De diferentes formas, Brito mantém familiaridade com o universo imagético. A mídia costuma ressaltar o teor visual de suas narrativas. Importa destacar o crescente interesse por sua obra como fonte para adaptações de caráter cinematográfico. Uma variedade de contos reflete seu movimento em se inspirar em imagens, introduzi-las, (re)inventá-las. Esta tese analisa como acontece o diálogo de contos do autor com a imagem em suas variações. Para isso, percorre um repertório de narrativas curtas publicadas em diferentes coletâneas. Especialmente, investiga a interrelação de seus textos com a fotografia. No posfácio do livro Retratos Imorais (2010), o contista expõe quanto à presença, em determinadas narrativas, de interações deliberadas com as criações visuais de três fotógrafos. Este estudo examina o conto “Homem folheia álbum de retratos imorais” em face da publicação fotográfica Brasília Teimosa (2007), da brasileira Bárbara Wagner. No texto, o prosador privilegia a écfrase – recurso associado ao expediente da descrição, como representação verbal de uma representação visual (HEFFERNAN, 1993). A discussão sobre o conto repercute apreciações de Yacobi (1995) em torno da qualidade narrativa envolvida no fenômeno ecfrástico. Também discute sobre o texto “Romeiros com sacos plásticos” no tocante ao seu diálogo com a obra fotográfica À la quête de lange: ícones du quotidien (2005), do francês Patrick Bogner, recorrendo aos conceitos de studium e punctum, de Barthes (2017). Ademais, analisa como Brito faz ecoar imagens do canadense Robert Polidori na narrativa “Duas mulheres em preto e branco”. O exame desse conto contempla um tratamento abrangente para o quesito imagético, revelando-se oportunos os trabalhos de Bergson (1999) sobre imagem-lembrança e os de Deleuze (2018b) acerca da imagem-cristal. Metodologicamente, prioriza-se a narrativa literária e, a partir de sua abordagem, a convocação do suporte teórico apropriado. Constata-se que o vínculo íntimo com a imagem manifestado nos textos de Brito supera a questão da visualidade. Como prosa marcada pelo atravessamento de outras linguagens artísticas, verificam-se produções textuais com influência direta de uma arte imagética como o cinema. Procedimentos comuns à Sétima Arte reverberam na construção narrativa do autor. No tocante à interface de seus contos com a arte fotográfica, os diferentes tipos de conexão realizados pelo escritor com produções visuais díspares ensejam investidas analíticas específicas. O primeiro estudo comparativo demonstra como Brito, na apropriação criativa das fotografias de Wagner, impulsiona e apura o uso da écfrase como recurso estratégico para reforçar as propriedades do sistema narrativo. A segunda análise de teor comparativo atesta a expressividade e processualidade atingidas na reescrita do conto quando o autor é afetado pelo que para ele representa o punctum das imagens de Bogner. Destaca-se a natureza obtusa do punctum como signo desatrelado de um sentido único. A terceira abordagem, a do escrito de Brito cotejado com a produção de Polidori, constata diferentes dimensões da imagem a partir dos perfis do tempo expressos no conto. Em comum aos três estudos das narrativas, tem-se a reverberação das noções de multiplicidade, teia, fluidez, processo, abertura. Enfatiza-se o quão proveitoso se apresenta à discussão o conceito de rizoma, de Deleuze e Guatarri (2004). Ao traçar um panorama de narrativas curtas de Brito, no encalço de questões relacionadas ao motivo imagético, esta tese reforça quanto à polivalência do autor na familiaridade com outras expressões artísticas, que abrangem complexidades. Novos olhares podem aproveitar ou redirecionar as sinalizações aqui pontuadas.