Representações sociais de feminicídio entre homens da região metropolitana do Cariri
Ano de defesa: | 2024 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
UFPE Brasil Programa de Pos Graduacao em Psicologia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/58186 |
Resumo: | Segundo o último Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2024 o Ceará evidenciou um aumento de 44,8% na taxa de feminicídios registrados. Até 2023 apenas 6,6% de todos os assassinatos de mulheres foram classificados como feminicídio no estado. Os dados revelavam um estado onde a violência contra a mulher e o acometimento de crimes de feminicídios parecem ser sistematicamente silenciados no decorrer dos anos. O feminicídio opera alicerçado no entendimento histórico e social do pressuposto do exercício da função patriarcal, onde os homens acreditam que detêm o poder de determinar a conduta de mulheres, legitimando o controle sobre seus corpos e vidas. Somente em 2015 o feminicídio foi reconhecido no Brasil, passando a configurar-se enquanto condição tipificadora, sendo considerado crime hediondo com o Decreto-Lei 2.848/40. O Cariri cearense é marcado historicamente pela presença de casos de feminicídio caracterizados pela brutalidade e o intenso apelo popular. Casos como escritório do crime, ocorrido nos anos 2000, ou das professoras Silvany Inácio de Souza e Cidcleide Bezerra Campos assassinadas em praça pública em 2015, ou da vereadora Yanne Brenna assassinada em 2023, revelam um palco trágico, onde mesmo em frente da intensa revolta popular e repercussão nacional, perpetua-se um Tabu social acerca do tema. As inquietações frente a este cenário de marcas profundas e trágicas resultaram no interesse em investigar as representações sociais de feminicídio por parte dos homens da região. Haja vista que o fenômeno está diretamente relacionado às práticas sociais desses homens, buscamos mergulhar nos valores, crenças, cognições e condutas que orientam seu pensamento social e suas condutas. Assim, foram realizadas 07 entrevistas em profundidade com duração média de 40 minutos. O recrutamento dos participantes se deu a partir da amostragem bola de neve. O instrumento utilizado foi desenvolvido a partir de um roteiro de entrevista dividido em 3 blocos, combinando perguntas e imagens no intuito de favorecer a livre expressão dos participantes sobre o tema. O tratamento e análise dos dados se deu mediante uma análise temática de conteúdo. Emergiram da análise 4 categorias de sentido trabalhadas a partir de 2 eixos temáticos orientados pela articulação de conceitos de diferentes abordagens dentro da teoria das representações sociais. As 4 categorias resultantes foram: 1) Generalização da violência contra a mulher; 2) Violência e feminicídio como frutos de um problema de adoecimento dos homens; 3) Determinante biológico do gênero como causa/justificativa para violência de gênero; 4) Deslegitimação das conquistas legais em contextos de violência contra mulher e feminicídio. Discutidas a partir de dois eixos temáticos: Generalizando para deslegitimar: quem tem medo do feminicídio? Dimensões alteritárias: representando a violência por um olhar alheio As conclusões deste estudo evidenciaram um pensamento social marcado por estratégias grupais protetivas, que incluem o mascaramento de elementos contra-normativos e a deslegitimação de conquistas legais em contextos de violência de gênero na região. Observamos também a manutenção de dadas crenças e valores conservadores na direção de proteger sua identidade do que acreditam ser ameaças oriundas das mudanças sociais. Consideramos tais categorias, como formas de construir sentido em torno do feminicídio por parte dos homens do Cariri, que, quando postas em perspectiva junto ao contexto histórico da região, traduzem como a construção e o compartilhamento do pensamento social masculino pode justificar/viabilizar valores, crenças, e posicionamentos que desaguam no acolhimento e perpetuação de práticas violentas. |