Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
SILVA, Nathalia Albuquerque da |
Orientador(a): |
PINHEIRO, Marina Assis Pinheiro |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Psicologia Cognitiva
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/38827
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Resumo: |
A presente pesquisa perscruta a dinâmica dos processos criativos na atividade da cantoria de viola, enfocando sua face estético-subjetiva, semiótica e dialógica. Também conhecida como repente, a cantoria de viola é uma atividade tradicional no Nordeste brasileiro e tem como principais características: ser uma produção artística oral, feita de improviso, sob um conjunto de regras relativas à forma (métrica, rima), realizada por uma dupla de cantadores/repentistas. Nesse contexto, a presente pesquisa debruçou-se, de forma exploratória, sobre as vicissitudes da emergência do novo no diálogo poético entre o cantador, seu parceiro e o público, a partir da perspectiva do primeiro. A aparente inexplicabilidade do verso improvisado é experiência tão concreta quanto desafiadora aos estudos da Psicologia dos processos criativos. Tem-se como ancoragem teórica do processo criativo a perspectiva histórico-cultural, que privilegia as noções de cocriação e criatividade distribuída, assumindo-se que a emergência do novo envolve a interação entre ator, audiência, ação, artefato e affordance. Toma-se como referencial ontológico-epistemológico o dialogismo bakhtiniano, partindo das noções de posição axiológica do autor-criador e do caráter alteritário da experiência estética, compreendida como forma particular de impactação do sujeito pelo mundo. Considera-se que a cantoria é uma forma poética cuja resultante criativa corresponde à performance do cantador na construção de versos e as metáforas construídas se configuram conforme a caracterização bakhtinana de enunciado, constituindo-se na concretude social, histórica e cultural das relações eu-outro. Assim, propõe-se a metáfora como unidade capaz de conservar as propriedades psicológicas do processo criativo na ação do cantador, sendo ela caracterizada enquanto signo marcado por: a) intensa ambiguidade; b) abertura para a alteridade do próprio dito; c) síntese entre perspectivas próprias ao jogo de linguagem enunciativo entre as audiências presentes, históricas e imaginadas. Concebemos uma abordagem metodológica de caráter idiográfico, em que se buscou uma compreensão do processo criativo no seu contexto. O estudo de caso teve como participante um cantador repentista, que foi demandado a improvisar com um parceiro habitual. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas individuais com o participante, com ênfase em sua trajetória na cantoria, e nas cognições e emoções relacionadas ao processo de composição da etapa anterior. Os dados construídos foram interpretados sob a perspectiva dialógica, considerando-se os seguintes eixos implicados na emergência da metáfora: 1) Outridades dialógicas; 2) Temporalidade; 3) Técnica e 4) Estética. Como resultados, identificamos a presença de dualidades referentes à trajetória de vida na construção da posição do eu-cantador e dualidades relativas ao momento da ação simbólica. Com isso, as conclusões do estudo situam o nascimento das metáforas a partir dos tensionamentos que emergem na borda entre a singularidade do repentista e seu confronto com as outridades, notadamente, do público e do parceiro cantador, elucidando o caráter fundamental de cocriação dessa atividade artística. Os achados indicam a substancialidade do registro afetivo e intersubjetivo no estudo da psicologia dos processos criativos e apresentam pontos de abertura para novas pesquisas que contribuam para uma cultura de atenção à criatividade. |