Alfabetização e consciência metatextual : uma análise do conceito de letramento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: ARRUDA, Alberto Santos
Orientador(a): SPINLLO, Alina Galvao
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/8088
Resumo: Este trabalho foi desenvolvido com a finalidade de estudar a contribuição do letramento para o desenvolvimento da consciência metalingüística de indivíduos com diferentes níveis de alfabetização escolar. Vários estudos como os de Albuquerque (1994), Barrera (2003), Gombert (2003) e Spinillo (2003), entre outros, têm mostrado que as capacidades metalinguísticas se instalam paralelamente à alfabetização, processo que exige reflexão deliberada e consciente. Não obstante, Vygotsky (1991, 1993) ressalta que a produção dos conceitos científicos e espontâneos são processos dialeticamente relacionados, e autores como Rogoff (2005), Oliveira (1995, 1999), Ratto (1995) e Luria (1990, 1988) verificaram que contextos não escolares podem apresentar práticas culturais capazes de promover a metacognição em indivíduos com pouca ou nenhuma escolaridade. Partindo dessas considerações, buscou-se estudar a relação à consciência metatextual e o letramento, termo que designa o uso efetivo de habilidades de leitura e escrita em situações e práticas cotidianas. Julgou-se ser a consciência metatextual a habilidade metalingüística mais adequada a essa finalidade, por considerar-se o texto simultaneamente um artefato cultural empírico encontrado cotidianamente e uma unidade lingüística sujeita a reflexão consciente em meio às práticas do cotidiano escolar e não escolar. Na pesquisa realizada foram individualmente entrevistadas 48 crianças do ensino fundamental e 49 jovens e adultos freqüentando um programa municipal de educação de jovens e adultos (EJA), indivíduos de baixa renda, de ambos os sexos, com diferentes possibilidades e características de letramento: Grupo 1 (25 crianças da 1ª série); Grupo 2 (23 crianças da 3ª série); Grupo 3 (25 adultos do 1º ciclo); e Grupo 3 (24 adultos do 2º ciclo). A consciência metatextual referente a aspectos estruturais, o letramento e aspectos do conhecimento dos participantes sobre textos foram avaliados mediante instrumentos elaborados especificamente para este trabalho e os resultados foram analisados mediante um teste estatístico não paramétrico (Qui-Quadrado). Não foram verificadas relações significativas referentes às crianças pouco alfabetizadas mas, entre as alfabetizadas, a maioria das que demonstraram habilidade metatextual apresentaram também um nível amplo de letramento e de conhecimento sobre textos. Surpreendentemente, não foram verificadas relações significativas referentes aos adultos alfabetizados. Quanto aos adultos pouco alfabetizados, a consciência metatextual mostrou-se relacionada apenas a alguns dos aspectos do letramento e ao conhecimento sobre portadores de textos. Concluiu-se que, em se tratando das crianças, isoladamente a alfabetização contribui menos para o desenvolvimento metatextual do que quando associada ao letramento e ao conhecimento sobre textos mas, por outro lado, em se tratando dos adultos, situações sociais complexas podem fazer emergir campos semiótico-temporais de desenvolvimento (ZDPs) particularmente configurados, com diferentes graus de complexidade que podem afetar de forma imprevisível o curso de suas atividades escolares, seu letramento e outros processos relacionados como, por exemplo, a construção do conhecimento sobre textos