Atribuição de estados mentais e consciência metatextual: efeitos de uma pesquisa-intervenção com a literatura infantil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Ribeiro, Nathalie Nehmy lattes
Orientador(a): Rodrigues, Marisa Cosenza lattes
Banca de defesa: Maluf, Maria Regina lattes, Justi, Claudia Nascimento Guaraldo lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Psicologia
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/2022
Resumo: A adaptação ao mundo social requer o desenvolvimento de um conjunto de habilidades sociocognitivas, destacando-se a teoria da mente que é definida como o entendimento infantil sobre as emoções, intenções e pensamentos próprios e alheios. Pesquisas recentes indicam que as relações sociais dependem do desenvolvimento de uma linguagem mentalista na medida em que tende a facilitar a compreensão social infantil. No âmbito da escolarização formal, a relação entre a consciência metatextual definida como a reflexão sobre a estrutura do texto e a produção de histórias infantis tem despertado o interesse de estudiosos. A presente pesquisa com intervenção objetivou implementar um programa dirigido a promover a linguagem referente aos estados mentais (ênfase nos estados emocionais) e à consciência metatextual, por meio da leitura mediada de livros de histórias. Objetivou-se também avaliar o possível efeito do programa sobre a produção de histórias orais e sobre aspectos sociocognitivos como a compreensão das emoções e as habilidades sociais, bem como diferenças entre sexos. Participaram 70 alunos do 1º ano do ensino fundamental de uma escola pública federal, com média de 6 anos e 9 meses de idade, divididos em: GI- grupo de intervenção composto de 37 crianças e GC- grupo de comparação, composto de 33 crianças não participantes. Após procedimentos éticos, iniciou-se individualmente a pré-intervenção em três etapas: aplicou-se o Teste de Inteligência Emocional para Crianças; a escala de autoavaliação das habilidades sociais; e solicitou-se que cada criança contasse uma história, a qual foi gravada, a partir de uma imagem de livro. Ao término da pré-intervenção, iniciou-se a implementação do programa no GI, perfazendo dez encontros. Finalizado o programa, realizou-se a pós-intervenção mediante os mesmos instrumentos descritos, bem como sua implementação no GC. Os dados obtidos foram tabulados e analisados. Os resultados indicam que, no GI, houve um avanço da compreensão emocional entre a pré e a pós-intervenção, bem como quando comparado com o GC. Quanto às habilidades sociais, apesar dos grupos não terem inicialmente sido pareados e de ambos terem apresentado melhor desempenho na pós-intervenção, os resultados sugerem um aprimoramento superior do GI em relação ao GC. O mesmo foi verificado na avaliação da produção oral de história infantil, ao encontrar um incremento no desempenho do GI, em que as histórias passaram a apresentar uma estrutura textual mais completa e sofisticada. Tal distinção não foi detectada no GC. Diferenças quanto ao sexo não foram verificadas nas três variáveis investigadas. Os resultados obtidos sugerem que o programa implementado contribuiu para a promoção da compreensão emocional e das habilidades sociais infantis, reforçando a relação entre linguagem, teoria da mente e desenvolvimento social. O propósito de aprimorar a produção de histórias orais também foi atingido. Destaca-se a relevância da utilização da literatura infantil para a promoção de aspectos sociocognitivos e da consciência metatextual, bem como da conscientização de educadores para a importância de atuar como mediadores deste recurso para o desenvolvimento infantil.