Museus indígenas, mobilizações étnicas e cosmopolíticas da memória : um estudo antropológico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: GOMES, Alexandre Oliveira
Orientador(a): ATHIAS, Renato Monteiro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Antropologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/36806
Resumo: Esta tese de doutorado em Antropologia, resultado de um percurso investigativo etnográfico efetuado entre 2006 e 2018, tem por objetivo compreender a relação entre memória e etnicidade através do estudo dos museus indígenas e da análise dos processos de “apropriação” e “tradução” desta criação ocidental no horizonte das mobilizações étnicas e de acordo com as dinâmicas cosmológicas dos povos indígenas. A junção de termos designativos aos processos de criação de museus por populações nativas já vem ocorrendo em círculos científicos e entre integrantes dos movimentos indígenas à nível global. Referidos também como museus tribais e museus étnicos, problematizamos o conceito de museu indígena, associando esta análise aos dados e processos vivenciados através de uma pesquisa de campo de longa duração, na qual desenvolvemos uma observação participante junto ao universo das experiências dos povos indígenas com as questões museológicas. Nos esforçamos para formular conceitos apropriados ao estudo antropológico dos museus indígenas, a partir das noções de etnomusegrafia, ação museológica indígena, apropriação e tradução, construídas como ferramentas analíticas voltadas à compreensão dos processos de indigenização de museus e das ressignificações das noções de “patrimônio” e “cultura” na constituição de autorrepresentações e práticas sociais vinculadas às cosmopolíticas da memória efetuadas pelos indígenas em seus processos museológicos. A partir da reflexão teórica sobre práticas de investigação que buscam simetria, horizontalidade, co-autoria e participação, desenvolvemos uma análise sobre a formação contemporânea do campo dos museus indígenas no Brasil a partir da experiência do Museu dos Kanindé (Sítio Fernandes, Aratuba, CE), criado em 1995, pelo cacique Sotero. Descrevemos e analisamos a construção de redes de trocas e interações sociais nas quais a mobilização dos integrantes dos museus indígenas resultou na criação da Rede Indígena de Memória e Museologia Social, em dezembro de 2014, fato que propiciou o surgimento de novas situações e processos sociais, a partir dos quais identificamos e analisamos categorias nativas e formulamos categorias analíticas destinadas a compreender a constituição em curso de uma “museologia indígena” no Brasil. Dentre os materiais empíricos produzidos e analisados, destacamos os dados compilados a partir da realização de três encontros nacionais, nos anos de 2015 (Museu dos Kanindé, Aratuba-CE), 2016 (Museu Kapinawá, Buíque-PE) e 2017 (povos Tabajara e Tapuyo-Itamaraty, povoado de Nazaré, Lagoa de São Francisco-PI), além de diversos outros encontros e intercâmbios estaduais, nos quais elaboramos uma série de registros documentais e imagéticos.