A dialética de transformação do self e do autoconceito: dimensões auto-refletidas no cárcere feminino

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Rodrigues, Lysia Rachel Moreira Basílio
Orientador(a): Roazzi, Antonio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/10467
Resumo: O presente trabalho elege o evento encarceramento, ou privação de liberdade em decorrência de envolvimento em ato delituoso, como fator possivelmente desencadeador de transformações no autoconceito. Estas transformações, que no presente estudo foram abordadas no universo feminino, podem elucidar aspectos da conceituação, dinâmica do autoconceito e da permeabilidade deste a fatores do meio externo aos quais o sujeito está constantemente se defrontando durante a vida (Kinch, 1963; L’Écuyer, 1978, 1985a; Demo, 1992). O autoconceito é composto por múltiplas dimensões do Self que estão organizadas hierarquicamente, possuem uma mobilidade, em termos de posição mais ou menos central em diferentes momentos da vida, e funcionam como esquemas da cognição (L’Écuyer, 1978). É ainda um produto estrutural complexo da atividade reflexiva, permeável a mudanças promovidas por novas situações, transições e papéis sociais, ou seja, o autoconceito é, concomitantemente, estável e dinâmico (Demo, 1992). Para investigação das transformações e estrutura no autoconceito das mulheres encarceradas, cinco mulheres participaram, na etapa qualitativa do estudo, de entrevistas semi-estruturadas com base nas dimensões integradas do Self propostas por L’Écuyer (1978), e cento e cinquenta mulheres, na etapa quantitativa, responderam em escala likert de 5 pontos a um questionário, contendo o Inventário Feminino dos Esquemas de Gênero do Autoconceito (Giavoni; Tamayo, 2005), a Escala de Clareza do Autoconceito (Campbell et al, 1996, versão em português Nascimento, 2008), a Escala de Autoconsciência Situacional (Nascimento, 2008) e a Escala Crime Emoções (Canter; Ioannou, 2004). Na etapa qualitativa realizou-se a Análise de Conteúdo (Bardin, 1977; Moraes, 1999) das entrevistas, e na quantitativa, as estatísticas descritivas dos testes, análises de Componentes Principais (CP) e de consistência interna (Alfa de Cronbach), índice Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), Teste de Esfericidade de Bartlett, critérios da Raiz Latente (Autovalores) e do Gráfico de Declive (o Teste Scree) e rotação ortogonal de tipo varimax, além de Regressão Múltipla, Correlações r de Pearson e Correlações de Spearman. Em síntese, os achados demonstraram uma organização dinâmica e multi-dimensional do autoconceito das mulheres, onde são encontradas categorias diversas do Self. Os dados demonstram a interveniência das variáveis Idade, Tempo e Quantidade de Prisões, Escolaridade e Pais Presos na estruturação do Autoconceito de Gênero, Clareza do Autoconceito, Autoconsciência Situacional e Emoções do Crime na vivência do encarceramento. O impacto da idade e tempo de prisão em aspectos especialmente auto-reflexivos da consciência apontam o caráter relativamente maleável do autoconceito na idade adulta, simultâneo à sua madura estruturação nesta etapa da vida.