Memórias de resistências, identidades em conflito e a prática educativa da Escola Municipal Virgília Garcia Bessa na Comunidade Quilombola do Castainho em Pernambuco

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: QUEIROZ, Márcia de Godoi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Educacao Contemporanea / CAA
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/28996
Resumo: Esta dissertação está vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Contemporânea, do Centro Acadêmico do Agreste da Universidade Federal de Pernambuco, na Linha de Pesquisa Educação, Estado e Diversidade. Constitui-se no resultado de uma investigação que teve por objetivo estudar o modo como as memórias corroboram com as construções identitárias a partir da prática educativa vivenciada na escola quilombola. A nossa fundamentação teórica foi norteada pelos estudos pós-coloniais, contando com a contribuição de pensadores como Anibal Quijano, Walter Mignolo, Enrique Dussel, Nelson Maldonado-Torres, Fidel Tubino, dentre outras contribuições. Realizamos ainda uma discussão sobre as construções identitárias à luz de Frantz Fanon, Stuart Hall e Kabengele Munanga. A partir da perspectiva desses teóricos estabecidas em cada área específica, discutimos as influências do legado colonial e das colonialidades no que tange a concepção das identidades quilombolas, nesse contexto, portanto, a relação dessas estruturas coloniais com a homogeneização e universalização do processo educativo realizado no contexto escolar de comunidades quilombolas. Ainda sobre a concepção das identidades utilizamos a memória como fonte de fomento e valorização do sentimento de pertença à história e cultura quilombola, para tanto contamos com Paul Ricoeur, Joël Candau, dentre outros. No âmbito sobre as discussões das práticas educativas nos apoiamos nas compreensões principalmente de João Francisco de Sousa e Paulo Freire. No quesito metodológico utilizamos a abordagem qualitativa para a investigação, com características de cunho exploratório e explicativo. O nosso percurso analítico foi orientado nos termos do Método do Caso Alargado, conforme definido por Boaventura de Sousa Santos. A coleta de dados foi realizada na comunidade quilombola do Castainho e na Escola Municipal Virgilia Garcia Bessa, ambas situadas no município de Garanhuns no agreste meridional pernambucano, por meio da observação participante, conversas informais e da realização de entrevistas semi-estruturadas, com três diferentes grupos, quantificando em quinze sujeitos da pesquisa, dentre eles: os quilombolas anciãos, os jovens e crianças inseridos na escola da comunidade e profissionais da referida escola, propiciando-nos a nossa fonte de informações. As nossas considerações finais apontam para um processo educativo alheio as especificidades históricas e socioculturais de raízes africanas, afrodescendentes e quilombolas. No quesito identidade, percebemos o conflito na concepção identitária dos jovens e crianças quilombolas inseridos na instituição escolar da comunidade, desta forma estas constituem-se num universo de segregação social e racial. Sobre a memória, constatamos a importância desta para a preservação e perpetuação das epistemes da população negra, bem como, enquanto fomento identitário. No âmbito da Escola Municipal Virgilia Garcia Bessa e prática educativa, constatamos ainda a ausência de diretrizes curriculares específicas para comunidades quilombolas. Nestes termos, o processo educativo não contribui de forma efetiva com a ruptura dos condicionantes históricos que subalternizam a população negra em território brasileiro, esta realidade provoca uma série de conflitos, desde as propostas curriculares ao próprio reconhecimento dos jovens e crianças, enquanto quilombolas.