Anemia, insegurança alimentar e consumo de alimentos ultraprocessados em pré-escolares de Maceió no contexto da pandemia de COVID-19

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: SOUZA, Laudilse de Morais
Orientador(a): DINIZ, Alcides da Silva
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Saude da Crianca e do Adolescente
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/48941
Resumo: A suspensão do ensino presencial em decorrência da pandemia de COVID-19 trouxe como consequência a interrupção do fornecimento da alimentação escolar. Nesse contexto, decidiu-se estimar a prevalência de anemia em pré-escolares matriculados em Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) de Maceió-AL, caracterizar a sua gravidade, sua distribuição no panorama da segurança alimentar das famílias, os fatores associados, bem como, o consumo de alimentos ultraprocessados. Trata-se de um estudo transversal com uma amostra aleatória selecionada por conglomerado envolvendo 243 crianças de 24 a 59 meses, matriculadas em período integral em CMEIs do município de Maceió-AL. Foram avaliadas as concentrações de hemoglobina, aferidos o peso e a estatura corporal, caracterizado o perfil socioeconômico-demográfico e de saúde e consumo de alimentos ultraprocessados. A prevalência de anemia foi de 37,6% (IC95% 31,7-43,8), classificada como um problema de saúde pública moderado, de acordo com os critérios da Organização Mundial de Saúde. Tomando-se como base as concentrações de hemoglobina, 83,5% (IC95% 74,9-90,0) das crianças com anemia foram classificadas com anemia leve (Hb 9,00 g/dL a <11,00 g/dL), 15,4% (IC95% 9,1-23,8) com anemia moderada (Hb7,00 g/dL a < 9,00 g/dL) e 1,1% (IC95% 0,1-5,0) com anemia grave (Hb<7,00 g/dL). O modelo de regressão de Poisson com variância robusta mostrou que o recebimento do auxílio emergencial durante a pandemia reduziu em cerca de 10% a prevalência de anemia (RP= 0,91 IC95% 0,84 – 0,99). A insegurança alimentar estimada pela EBIA, atingiu 90% (IC86,1-93,9) da população estudada, sendo 63,3% (IC95% 55,9-69,2) de insegurança leve, 23,3% (IC 95% 17,8-29,5) de insegurança moderada e 13,5% (IC95% 9,00-18,5) de insegurança grave. Na análise multivariada hierárquica as variáveis que se associaram à insegurança alimentar foram escolaridade materna (RP= 1,65 IC95% 1,15-2,36), estado civil (RP=1,49 IC95% 1,05-2,11) e falta de comida na pandemia (RP=2,30 IC95%1,60-3,31). Observou-se que 34,9% (IC95% 28,8-41,0) das crianças apresentavam excesso de peso (somatório de risco de sobrepeso, sobrepeso e obesidade); desse total, 34,1% (IC95% 23,9-44,4) apresentavam anemia. O consumo diário de alimentos ultraprocessados levantado através de questionário de frequência de consumo alimentar, atingiu a prevalência de 10,6% (CI95% 6,7-14,6), e o semanal 66,68% (CI95%.60,8-82,8). O modelo de regressão de Poisson com variância robusta mostrou que o recebimento de doação de gêneros se manteve como fator de risco para o consumo de alimentos ultraprocessados (RP = 1,23; IC p = 0,01) e o aleitamento materno por um período menor de seis meses, se mostrou como um fator de proteção (RP = 0,85; IC p=0,04). Foram evidenciadas prevalências elevadas de insegurança alimentar, anemia e consumo de alimentos ultraprocessados em pré-escolares. O auxílio emergencial se constituiu como um fator de proteção contra a anemia, enquanto que a baixa escolaridade materna, o estado civil de solteira e a falta de alimentos aumentam o risco de insegurança alimentar no domicílio. A doação de gêneros alimentícios tende a elevar o consumo de alimentos ultraprocessados, enquanto que o aleitamento materno por menos de seis meses tende a declinar o consumo excessivo desse tipo de alimento.