Variação vocal de espécies da família Thamnophilidae (aves) associadas a barreiras ribeirinhas na Amazônia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: SALES, Raíssa Guerra
Orientador(a): BEZERRA, Bruna Martins
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Biologia Animal
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/27102
Resumo: Populações de aves podem se diferenciar morfológica e/ou geneticamente quando isoladas por uma barreira física. No entanto, ainda é incerto como a variação vocal em aves acompanha mudanças genotípicas e fenotípicas. Na região amazônica do Escudo das Guianas tem sido descrita uma importante zona de sutura, onde numerosos pares de espécies e diferentes subespécies se substituem geograficamente em margens opostas dos rios Branco e Negro. Cerca de um terço das espécies de aves típicas das florestas de terra firme (totalizando aproximadamente 80 taxa) possuem uma subespécie diferente ou uma alo-espécie do outro lado dessas barreiras. Das quase 80 espécies de aves com estrutura genética ou morfológica na região, pelo menos 15 pertencem à família Thamnophilidae. Este grupo é ideal para entender a relação entre as barreiras físicas e a variação vocal, pois acredita-se que estas aves herdam o canto geneticamente. Além do mais, por terem cantos relativamente simples e estereotipados, são relativamente fáceis de serem analizados. Desta forma, estudando a variação vocal de populações isoladas por uma barreira física, é possível avaliar se estas se encontram em processo de diferenciação. Historicamente, o principal gargalo na realização de estudos bioacústicos era a obtenção de amostras do canto das aves para posterior análise em softwares específicos. Na última década, o número de amostras disponíveis em bancos de dados online tem aumentado dramaticamente. Infelizmente, o principal arquivo acústico digital do mundo (Xeno-canto) disponibiliza os arquivos de forma comprimida (mp3), o que tem levantado críticas sobre seu uso em pesquisas bioacústicas. Portanto, para poder aproveitar o enorme acervo disponível de gravações digitais disponíveis neste tipo de arquivos acústicos, é necessário avaliar a utilidade desse material em formato mp3. O capítulo 1 teve como objetivo testar se o formato comprimido de áudio distorce significativamente as gravações ornitológicas, avaliando se todas as variáveis medidas são afetadas da mesma forma ou se alguns parâmetros podem ser utilizados apesar do formato de qualidade reduzida, levando em consideração as propriedades acústicas da Família Thamnophilidae. Para esse teste foram utilizadas 27 gravações referentes a 3 espécies dessa família (Herpsilochmus dorsimaculatus, Thamnophilus murinus e Thamnophilus amazonicus), e testadas 27 variáveis acústicas. As variáveis vocais mais utilizadas em pesquisas ornitológicas (frequência, tempo, nº de notas e ritmo) não sofreram distorções significativas após compressão. No Capítulo 2, avaliei o grau de variação vocal em 19 linhagens de aves dessa família no Escudo das Guianas, onde várias espécies possuem diferentes graus de variação genética e fenotípica. Utilizando apenas as variáveis não afetadas pelo formato do áudio, avaliei se o grau de variação vocal está associado com o grau de variação genética entre os 19 pares de taxa separados pelas barreiras ribeirinhas. Os resultados sugerem que a variação genética não é um bom preditor da variação vocal; algumas espécies com pouca variação genética apresentaram uma grande variação vocal e pares de taxa muito diferenciados geneticamente tiveram cantos pouco diferenciados.