Arquidiocese de Olinda e Recife, 1966-1970 : negociações e conflitos em torno da aplicação das diretrizes modernizadoras do Concílio Vaticano II

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Maria da Silva, Solange
Orientador(a): Maria Brandão de Aguiar, Sylvana
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/7900
Resumo: O intuito principal desta investigação histórica é a compreensão da elaboração, promulgação e aplicabilidade do Plano nacional de Pastoral de Conjunto, da Igreja Católica Apostólica Romana, na arquidiocese de Olinda e Recife, entre 1966 e 1970. Tal instrumento de planejamento e intervenção sistemática fora formulado pelos bispos brasileiros com a finalidade de aplicar a eles mesmos, ao clero e aos fiéis, as diretrizes modernizadoras do Concílio Vaticano II, na suposição que isso daria à instituição um novo vigor, tanto no âmbito interno (ad intra) quanto em sua influência sobre a sociedade (ad extra). Não existem estudos, no âmbito historiográfico, que versem sobre a implantação desse Plano, seja nessa arquidiocese seja em outras circunscrições da Igreja católica no Brasil. Assim, a pesquisa teve como objetivo precípuo entender o desenrolar de tal processo, analisando as estratégias que os bispos, e seus peritos, julgaram poder aplicar à realidade local. Para isso destacamos, nos sucessivos planos de aplicação formulados pelos bispos e peritos do Regional Nordeste-2 da CNBB e assumidos pela equipe reunida em torno do arcebispo Helder Pessoa Camara e seu auxiliar, José Lamartine Soares, as articulações, os apoios e resistências, as convergências e divergências, entre os setores do clero e do laicato arquidiocesano mais atuante, buscando identificar os que aceitavam e os que refutavam os objetivos propostos. Do ponto de vista teórico, para sistematizar nossa análise, recorremos a conceitos de P. Bourdieu (especialmente os de campo e subcampo religiosos), de P. Berger (estruturas de plausibilidade) e de M. Weber (carisma e ação social). Também como víeis teórico, adotamos em nosso trabalho, o tipo de análise realizada pela historiadora Maria Sylvana Brandão de Aguiar, acerca da elaboração, promulgação e aplicação da Lei do Diretório Pombalino, de 1757, com o objetivo de compreender o processo de Planejamento Pastoral no Brasil pós Vaticano II. Através de tais conceitos, procuramos compreender a dinâmica dos vários subcampos arquidiocesanos, na aceitação ou não da modernização da Igreja, e da criação de uma nova plausibilidade que lhe reforçasse o carisma. Recorremos a várias fontes primárias depositadas nos arquivos da Cúria metropolitana da arquidiocese de Olinda e Recife, nos da própria Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, em Brasília e nos de seu Regional, o NE-2 (encíclicas papais, constituições e decretos do Concílio, atas, relatórios e projetos de bispos e peritos). Do ponto de vista metodológico também fizemos convergir o uso de depoimentos orais, como recursos confluentes à compreensão da racionalidade discursiva inerentes aos documentos materiais, sejam estes de natureza oficiais ou não. Do que foi argumentado é possível compreender que a tentativa de implantar na arquidiocese as propostas conciliares, que resultou em iniciativas de grande impacto social, como a Operação Esperança e o Movimento Encontro de Irmãos, gerou também fortes resistências em setores do clero e do laicato, além de atrair, para o arcebispo e seus auxiliares, suspeitas tanto no âmbito político quanto no doutrinal