Variação temporal da meiofauna e da nematofauna em uma área medioterrânea da bacia do Pina (Pernambuco, Brasil)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2003
Autor(a) principal: José Victor de Castro, Francisco
Orientador(a): Gomes da Fonseca Genevois, Verônica
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/8667
Resumo: A bacia do Pina vem sendo estudada ao longo dos anos na aferição dos poluentes orgânicos. Cinco rios desembocam neste local com grande carga poluidora comprometendo a qualidade do pescado, que é tão explorado pela população de baixa renda, que habita as adjacências, e o comercializa nos mercados públicos da cidade do Recife. Porém, até o momento, apenas um trabalho foi realizado com a meiofauna e mais especificamente com a nematofauna, embora esta desempenhe um importante papel na teia trófica bentônica. As amostras biosedimentológicas foram coletadas semanalmente, durante 3 meses, na estação de menor pluviosidade (janeiro, fevereiro e março) e 3 meses na estação de maior pluviosidade (junho, julho e agosto) do ano de 1999, em um transecto fixo no médio litoral com 5 réplicas aleatórias, sempre na baixa-mar, perfazendo um total de 120 amostras. Utilizou-se um corer de 5 cm de comprimento por 2,5 de diâmetro interno. Leituras de temperatura foram efetuadas conjuntamente com a parte biótica, assim como foram amostrados sedimentos para análise granulométrica e matéria orgânica. Mensalmente, no dia de menor amplitude de maré, coletou-se água com garrafa de Nanssen para verificação do teor de oxigênio dissolvido, DBO e salinidade, a fim de monitorar a variação da carga poluidora temporal do estuário. Os Nematoda foram separados para montagem de lâminas permanentes, integralizados em lista taxonômica e analisados quanto à estrutura populacional e composição trófica. Utilizou-se programas estatísticos para correlacionar os parâmetros abióticos com a meiofauna e a nematofauna. Qualitativamente, a composição meiofaunística foi a mesma nos dois períodos estudados, sendo composta por 10 táxons: Turbellaria, Gastrotricha, Nematoda, Rotifera, Tardigrada, Polychaeta, Oligochaeta, Acari, Ostracoda e Copepoda. A maior densidade média mensal meiofaunística ocorreu em março (3126,5 ind. 10 cm-2) deste, 90% é composto por Nematoda e a menor em agosto (1291,15 ind. 10 cm-2) com 97% de Nematoda. Semanalmente, a maior densidade observada ocorreu na última semana de junho (4785,2 ind. 10 cm-2) com 84 % de Nematoda. A menor ocorreu na primeira semana de janeiro (453, 25 ind. 10 cm-2) com 63 % de Nematoda. A nematofauna esteve composta por três ordens: Enoplida, com três famílias e quatro gêneros, Chromadorida, com cinco famílias e treze gêneros e Monhysterida, também com cinco famílias e dez gêneros. Os gêneros encontrados foram: Anoplostoma, Astonema, Axonolaimus. Chromadorita, Chromaspirinia, Daptonema, Desmodora, Halalaimus Halichoanolaimus, Linhomoeus, Marylynnia, Metachromadora, Oncholaimus, Paracanthonchus, Paracyatholaimus, Paramonohystera, Parodontophora, Pomponema, Prochromadorella, Pseudochromadora, Sabatieria, Spirinia, Terschellingia, Thalassomonystera, Theristus, Tricotheristus e Viscosia. O padrão temporal apontou o período chuvoso com as maiores densidades correlacionadas positivamente com a matéria orgânica e o selecionamento dos grãos. A nova espécie do gênero Spirinia sp.n , mostrou-se resistente às condições fisico-químicas impostas pelo ambiente, pois foi dominante em quase todo o período estudado, salvo quando o contingente pluviométrico começou a diminuir (final de julho, início de agosto). Nessa situação Therschelingia e Daptonema interferem na dominância. O aporte de matéria orgânica registrada neste estudo, reflete-se na estrutura da comunidade, existindo porém uma combinação de efeitos com a granulometria independentes da estação do ciclo climático. A dinâmica dos parâmetros abióticos em um estuário, aliado a rapidez das mudanças morfofisiológicas dos Nematoda para sobreviver a ambientes extremos, corrobora na importância de monitorar semanalmente essa comunidade para se ter respostas mais precisas sobre esses organismos tão importantes em ambientes salobros