A manipulação no discurso jornalístico: as múltiplas faces da língua

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Cristina de Andrade, Juliana
Orientador(a): Chambliss Hoffnagel, Judith
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
ACD
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/7219
Resumo: A atividade jornalística tem sido alvo de críticas sobre sua objetividade na reportabilidade dos acontecimentos de interesse público, pois, sob a falsa aparência de portadoras da verdade, as instituições jornalísticas, de fato, elaboram versões desses eventos de acordo com seu posicionamento sócio-político. Na falta da informação devida, ou seja, equilibrada, relativamente completa, imparcial, relevante (van Dijk, 2008, 239), a qualidade do conhecimento construído por boa parte dos leitores fica bem comprometida e/ou deformada. Diante disso, enquanto uma pesquisa engajada, este trabalho pretende ser uma contribuição para a democratização do conhecimento. Principalmente a partir dos estudos desenvolvidos por Fairclough (2001, 2003) e van Dijk (2008) na Análise Crítica do Discurso, o objetivo da presente pesquisa é investigar a qualidade do acesso da maioria dos leitores aos eventos sócio-políticos reportados pela mídia em termos de manipulação, ou seja, o abuso discursivo e ilegítimo de poder que leva parte dos leitores a aderir à opinião do texto mesmo contra seus próprios interesses. A manipulação é investigada por meio de 43 textos publicados por duas revistas semanais de alcance nacional a Veja e a Carta Capital. As revistas foram eleitas por estarem diacronicamente ligadas, respectivamente, à campanha de oposição e de favorecimento ao governo do PT representado pela figura do presidente Lula (anos 2009 e 2010). Como sugere Fairclough (2001) em sua concepção tridimensional do discurso, a análise se deu na identificação das estratégias linguístico-discursivas (características do gênero textual, intertextualidade, título/subtítulo, texto não verbal, adjetivação, modalizador, nomeação, agência, analogia e expressões com função de ênfase e vagueza) para a interpretação de práticas discursivas (favorecimento ou desfavorecimento ao Lula e seu governo) e de práticas sociais (campanha a favor e contra o governo do PT para as eleições de 2010). De fato, as mesmas estratégias linguístico-discursivas contribuíram, igualmente, para o favorecimento (Carta Capital) e oposição (Veja) ao Lula e ao PT. Assim, os resultados apontam para o contexto de base sociológica, como defende Meurer (2004), para que as mesmas estratégias linguístico-discursivas utilizadas para a reportabilidade dos acontecimentos sócio-políticos operem na construção de discursos diferenciados. A análise também confirma o potencial ideológico das palavras. A principal consideração é que, dentre várias maneiras possíveis de se tratar um determinado assunto, a escolha por um viés não é aleatória nem natural, como os textos aparentam ser. Por trás das escolhas dessas instituições, há interesses sócio-políticos fortes. E fazer com que os leitores adotem o posicionamento delas pode significar a legitimação e naturalização de muitas práticas sociais que atendam aos interesses políticos dessas instituições. Outra consideração são as conseqüências sociais mais imediatas da manipulação (1) a manutenção de uma determinada ordem social em favor dos que controlam a mídia e (2) uma tomada de posição, por parte da maioria dos leitores, contra seus próprios interesses