Análise do perfil genético de virulência, resistência e relação clonal de isolados clínicos de Proteus mirabilis carreadores e não carreadores do gene blaKPC e blaNDM provenientes de um hospital de Recife-PE

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: BELTRÃO, Elizabeth Maria Bispo
Orientador(a): LOPES, Ana Catarina de Souza
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Medicina Tropical
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/42890
Resumo: Este estudo teve por objetivo caracterizar os genes de virulência, resistência e relação clonal em isolados clínicos de P. mirabilis carreadores e não carreadores do gene blaKPC ou blaNDM provenientes de um hospital público de Recife em 2017 a 2019. Foram coletados 39 isolados clínicos de P. mirabilis, sendo 20 isolados carreadores e 19 não carreadores do gene blaKPC ou blaNDM, provenientes de diferentes sítios de infecção nos pacientes. Os isolados foram identificados por sistema automatizado pelo laboratório de Microbiologia do Hospital do esudo. O DNA total dos isolados foi extraído e submetido a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) para a investigação de genes de resistência (blaKPC, blaNDM, blaOXA-10, blaOXA- 48, blaOXA-23, blaOXA-58, blaGES, blaIMP, blaVIM e qnrD) e virulência (mrpG, pstS, nrpG, pbtA, ucaA, pmfA,), como também submetido à técnica de tipagem Consenso Intergênico Repetitivo Enterobacteriano-Reação em Cadeia da Polimerase (ERIC-PCR). Os amplicons foram sequenciados pela técnica de Sanger. Foram selecionados dois isolados de P. mirabilis multidroga resistente e carreadores dos genes blaKPC e blaNDM para a extração de DNA plasmidial e posterior sequenciamento por Illumina MiSeq. As sequencias dos plasmídeos foram montadas e analisadas pelos programas Trimmomatic, Velvet, Cap3 e Artemis Sanger. Os resultados mostraram que os isolados apresentaram disseminação multiclonal e alta variabilidade genética, de acordo com a tipagem pela ERIC-PCR. O gene de resistência mais encontrado foi blaOXA-10-like (n = 18), seguido por blaKPC (n = 10) e blaNDM (n = 8). Este é o primeiro relato de blaOXA-10 em P. mirabilis no Brasil, bem como da ocorrência de P. mirabilis co-portador de blaOXA-10/blaKPC e blaOXA-10/blaNDM. Como também o primeiro relato de P. mirabilis albergando o gene blaGES em 3 isolados. Revelando o vasto e variado arsenal genético de resistência dessas cepas bacterianas. Os genes de virulência para adesinas pmfA e mrpG, e o gene para transporte de fosfato pstS foram encontrados em todos os isolados investigados, isso sugere que esses genes são intrínsecos nessa espécie. Por sua vez, os isolados portadores de blaNDM ou blaKPC apresentaram genes de virulência importantes que codificam adesinas fimbriais, como ucaA (n = 8/ 44,4%) e sideróforos, como pbtA (n = 10/55,5%) e nrpG (n = 2/11,1%). Porém, em geral, os isolados não portadores de blaKPC e blaNDM apresentaram maior número de genes de virulência, além disso este grupo apresentou maior frequência em pacientes com mais de 60 anos e os pacientes fizeram uso de mais antimicrobianos quando comparados ao grupo portador. Com relação ao conteúdo plasmidial, o isolado P20-A2 albergava os genes de resistência aph(3')-VI, blaKPC e qnrD1, além disso o isolado albergava os plasmídeos IncQ e Col3M, juntamente com o transposon NTEKPC-IId. Os isolados clínicos de P. mirabilis, além de multirresistentes, apresentam fatores de virulência eficientes que podem estabelecer infecção fora do trato gastrointestinal. Visto que P. mirabilis é um patógeno emergente e frequentemente esquecido, a presença de importantes fatores de resistência e virulência nesse patógeno é alarmante e demonstra a necessidade de estudos epidemiológicos adicionais e monitoramento frequente desse organismo.