Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2004 |
Autor(a) principal: |
MELO, Evenildo Bezerra de |
Orientador(a): |
GUIMARÃES, Ignez de Pinho |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Geociencias
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/15619
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Resumo: |
Os granitóides estudados se situam geotectonicamente na Faixa Pajeú- Paraíba, Domínio Tectônico Central da Província da Borborema, ao Sul da Zona de Cisalhamento Afogados da Ingazeira, tão proximais que não distam mais de 3 (três) Km do traço principal do cisalhamento. São corpos de pequenas dimensões, com áreas de exposição de até 20Km², denominados plútons Serra do Pereiro, Serra do Boqueirão, Açude do Caroá, Serra do Zuza e Serra do Minador. Os três primeiros são intrudidos no contato entre ortognaisses e metassedimentos (Complexo Sertânea) do Paleoproterozóico, enquanto os dois últimos fazem contato também com metassedimentos (Complexo São Caetano) do Eo- NeoProterozóico. Petrograficamente são monzonitos, monzogranitos, sienogranitos e álcalifeldspato- granitos contendo enclaves de quartzodioritos, quartzomonzodioritos, monzodioritos e granodioritos. A intrusão de Açude do Caroá é caracteristicamente quartzodiorítica a quartzomonzodioritica. Os plútons de Serra do Pereiro e Serra do Boqueirão são mais alongados, ao contrário de Serra do Zuza e Serra do Minador, sem orientação mineral, linear ou planar. Enclaves métricos a decimétricos, mostrando contatos crenulados e composição quartzomonzodiorítica a diorítica, são observados nos plútons Serra do Pereiro e Serra do Boqueirão, enquanto em Serra do Zuza e Minador predominam enclaves menores que decímetros, mais alongados e com composição mais granodiorítica. Dados de química mineral indicam biotitas enriquecidas na molécula de annita, com razão Fe / (Fe + Mg) variando desde 0,62 a 0,87, enquanto os anfibólios são cálcicos, ricos em ferro, classificados como hornblenda ferro-edenítica e hornblenda ferro-potássica-pargasíticas, cuja razão Fe / (Fe + Mg) varia desde 0,55 a 0,85. Os plagioclásios variam desde Ab83,3An16,7 a Ab61,6An38,4, dominantemente oligoclásicos, enquanto o K-feldspato varia no intervalo de Or100 a Or80Ab20. Utilizados para geotermobarometria, dados de química mineral determinaram pressões 3,57 to 5,86 +- 0,6 Kbar e as correspondentes temperaturas de 776,2°C a 892,5°C, para as intrusões quartzomonzodioríticas a quartzodioríticas de Açude do Caroá, com profundidade de alojamento da ordem 15Km. Seguiram-se todos os preceitos ao geobarômetro Alumínio em Hornblenda e ao geotermômetro anfibólio-plagioclásio, calculando-se as pressões usando a equação de Schmidt. A avaliação da temperatura (776°C a 812°C, sob pressão de 3,57 a 5,86Kbar) considerou apenas os pares anfibólio-plagioclásio, cujo equilíbrio foi testado através de diagramas de correlação entre as razões Na/Ca e Si/Al, adicionando este critério estatístico conjugal às restrições individuais tais como o teor em albita do plagioclásio ( inferior a 90%) e o respeito ao intervalo 0,45 a 0,65 para a razão Fe / (Fe + Mg) no anfibólio. Dados de litogeoquímica permitiram determinar a temperatura de saturação de zircônio, quando começa a cristalizar zircão, fase mineral cedo-formada em todas as rochas analisadas. Para os magmas que originaram as rochas máficas, os resultados se mostraram compatíveis com aqueles determinados por química mineral e, em geral, bastante coerentes: quartzomonzonitos e quartzodioritos de Açude do Caroá (872°C e 883°C, respectivamente), monzodiorito de Serra do Boqueirão (865°C), quartzodiorito de Serra do Pereiro (890°C) e granodioritos de Serra do Zuza (830°C a 862°C). Para os litotipos mais félsicos do pluton Serra do Minador, as temperaturas de saturação em Zr mostraram variação entre 779°C e 844°C, enquanto os de Serra do Zuza variaram desde 815°C a 909°C. A litogeoquímica dos elementos maiores mostra que os granitoides estudados são metaluminosos a peraluminosos, corroborando os dados obtidos com as composições das biotitas. Mostram teores de SiO2 variando desde 56% a 76%, (K2O / Na2O) > 1, baixos teores de CaO, sendo melhor classificados como álcali-cálcicos. Os granitoides mostram elevados teores de Ba, Zr, Y e Nb e baixos teores de Sr, semelhantes aos do tipo-A, mais caracteristicamente Serra do Pereiro, Serra do Boqueirão e Açude do Caroá. Os teores de Zr, Ba e Sr diminuem para os lititipos mais ricos em SiO2, o que não acontece com Y e Nb. Os padrões dos elementos Terras Raras - ETR, normalizados em relação ao condrito, revelam pronunciada anomalia negativa de Eu, corroborando a semelhança com os granitóides tipo A, mais pronunciada nos plútons Serra do Zuza e Serra do Minador. As razões Ce/Yb mais elevadas sugerem maior fracionamento para o plúton Serra do Zuza (56 a 75, nos granitoides e 29 a 38, nos enclaves máficos). Também se revela o mais regular e extensivamente rico em Th, explicando-se as anomalias radiométricas. O plúton Serra do Minador apresenta a menor razão entre aqueles Terras Raras, da ordem de 11 a 22, ao passo que Serra do Pereiro as correspondentes razões Ce/Yb variam desde 46 a 62. Os diagramas do tipo spider LILE/HFSE, multielementos, revelam que os granitoides dos plútons Serra do Minador, Serra do Pereiro, Serra do Boqueirão e Açude do Caroá são enriquecidos em relação ao manto primitivo, porém dez vezes menos que o plúton Serra do Zuza. Há depressão em Sr sugestiva de alcalinidade do magma. Dados combinados de Nd-Sr apontam para uma origem de crosta inferior (0 > Nd > -20 e 0 < Sr < 80), com protólito dominantemente ígneo, cujo T(DM) remete ao Transamazônico ( 1,8 a 2,0 Ga.). Idades absolutas obtidas pelo método U-Pb em zircão apontam para o plúton Serra do Pereiro 543 +- 7 Ma. e para o plúton Serra do Zuza 538 +- 23 Ma., dados que podem ser aproximados para 540Ma. Todos os plútons plotam como intra-placa e tardi-orogênicos, mas Serra do Zuza e Serra do Minador tendem a anorogênicos nos diagramas discriminantes de ambiente tectônico. Coexistência e mistura de magmas, nos plútons de Serra do Pereiro, Açude do Caroá e Serra do Boqueirão, são evidenciadas por: presença de enclaves microgranulares mostrando contatos crenulados e lobados com os granitoides hospedeiros; cristais de feldspatos cortando transversalmente o contato entre enclaves/granitoide hospedeiro; textura de desequilíbrio com feldspatos e anfibólios manteados; presença de apatita acicular ; e ainda xenocristais de feldspatos e fragmentos de rochas félsicas inclusas nas máficas. Os estudos de anisotropia de susceptibilidade magnética – ASM – realizados no plúton de Serra do Zuza revelaram um controle através de minerais paramagnéticos e o baixo grau de anisotropia indica inexistência de deformação no estado sólido e estruturas magnéticas adquiridas no estado magmático, sugestão confirmada pela falta de relação entre o grau de anisotropia e a susceptibilidade magnética total. Os padrões de lineação e foliação magnéticas resultam numa trama mista sem prioridade para qualquer dos elementos – linear ou planar – indicando que o plúton Serra do Zuza se alojou em um ambiente transtensional, vinculado com o traço do cisalhamento. O caimento preferencial das lineações é para Sudoeste ou Oeste- Sudoeste, espraiando-se para Sudeste e para Nordeste, donde se conclui um alojamento ascendente do magma procedente desde Sudoeste ou Oeste-Sudoeste. Finalmente, os menores valores de caimento das lineações magnéticas caracterizam maior distanciamento da raiz, o que também se evidencia pelo tamanho reduzido e forma mais alongada dos enclaves. Os dados possibilitam que os plútons Serra do Boqueirão e Serra do Pereiro representam nível crustal mais profundo do que Serra do Zuza, mas o magma, que aqui se alojou, teve procedência justamente do sentido oposto, sugerindo-se que se tratem de pontos transtensivos isolados, ao longo do traço da zona de cisalhamento de Afogados da Ingazeira, considerado como um limite isotópico e estrutural, de segunda ordem. |