A gestão escolar como arena política: impasses do novo gerencialismo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: SOUZA, Débora Quetti Marques de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Perambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Educacao
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/18264
Resumo: No atual contexto brasileiro em que os aportes gerencialistas encontram-se latentes nas políticas públicas educacionais, o presente trabalho visa dar contribuições para um debate que busca argumentar sobre a prevalência do estado gerencial na gestão educacional e escolar e como este tem sido visto e interpretado pelos agentes escolares, por meio da análise da cultura e das relações de poder. Nesse sentido, elencou-se como objetivo geral analisar a organização da escola a partir do novo gerencialismo na perspectiva da cultura e das relações de poder e, como objetivos específicos, caracterizar a gestão escolar concebida na política atual (novo gerencialismo), identificar as manifestações da gestão escolar democrática numa instituição de ensino pública e verificar os efeitos e impactos da política de premiação por excelência em gestão escolar. As bases teóricas foram formuladas a partir de categorias como gerencialismo (ABRUCIO, 1997; BARROSO, 2005; HYPOLITO, 2011; AFONSO 2009; BALL, 2001, 2005), gestão da escola (COSTA, 1998; LIMA 2008, 2013, 2014; BOTLER, 2010; ESTEVÃO, 2011; FREITAS, 2011), cultura (TORRES, 2004, 2010; GOMES, 2000; JULIA, 2001), e relações de poder/conflito (MORGAN, 2002; PER-ERIK ELLSTRÖN, 2007; JOHNSON, 1997; BLACKBURN, 1997; HOBBES, 2002; LOCKE, 1978; ROSSEAU, 2008; LUKES, 1980). A pesquisa parte de uma abordagem qualitativa com análise descritiva e etnográfica, por meio de um estudo de caso realizado numa escola estadual situada no Agreste Setentrional de Pernambuco, caracterizada por ter sido contemplada com o Prêmio de Referência em Gestão e outros. Os dados foram coletados através de documentos, observações, entrevistas e aplicação de questionários, tendo como foco analisar como a organização e gestão da escola tem se estruturado a partir do novo gerencialismo, entender a cultura e suas manifestações na escola e perceber os efeitos e impactos da política de premiação em gestão escolar. Dentre os dados coletados, observou-se que a gestão escolar, tanto na perspectiva macro e micropolítica, tem relação com uma determinada cultura, a gerencial. Esta, visa objetivos financeiros e economicistas numa perspectiva neoliberal, atendendo as necessidades imediatas do mercado. Na política atual de premiação, a exigência é que a gestão tenha meios eficientes, ótimos, para alcançar os objetivos organizacionais. A “boa” gestão é aquela que atinge o apogeu, que busca a eficiência e a eficácia no alcance das metas educacionais, tendo reconhecimento público por meio do recebimento de prêmios. Ao final, a pesquisa constatou que a democratização da educação e da gestão, saiu da agenda política dos governos nos últimos anos e foi substituída pela modernização, pela gestão de qualidade total. A cultura organizacional é vista agora como um artefato manejável pelas técnicas de gestão e não como resultado de uma construção social-histórica cultural complexa. A escola, mesmo estando sob a égide de uma política gerencial, dispõe de uma diversidade autoorganizativa que envolve conflitos, interesses, dissenso e poder. A escola, neste caso, passa a ser considerada também como um espaço político, de politização e de tomada de decisão.