Sugamadex em peso ideal versus peso corrigido em 20% e 40% para reversão de bloqueio neuromuscular em cirurgia bariátrica — ensaio clínico randomizado duplamente encoberto.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: DUARTE, Nádia Maria da Conceição
Orientador(a): CALDAS NETO, Silvio da Silva
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Cirurgia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/20157
Resumo: Introdução: As doses de anestésicos e adjuvantes são, habitualmente, recomendadas com base no peso corporal total, como resultado de estudos conduzidos em indivíduos com índice de massa corporal (IMC) dentro dos parâmetros da normalidade. A utilização de peso corporal total para cálculos de dosagem de fármacos em pacientes obesos mórbidos pode resultar em doses superiores ou inferiores ao desejado, efeitos adversos e/ou desfechos clínicos ruins. Assim, ajustes de dosagem de fármacos devem ser realizados, levando em consideração as peculiaridades da composição corporal de pacientes com obesidade mórbida. Sugamadex é um novo agente indicado para reverter o bloqueio neuromuscular, cujo parâmetro de peso corporal para ajuste de dose em pacientes obesos mórbidos ainda carece de definição. Objetivo: O estudo teve como objetivo definir o parâmetro de peso corporal para o cálculo de dosagem sugamadex, em pacientes obesos mórbidos submetidos a cirurgia bariátrica, utilizando o tempo de reversão do bloqueio neuromuscular e a curarização residual pósoperatória como os principais desfechos. Método: Foi realizado um ensaio clínico prospectivo, randomizado, duplamente encoberto, com sessenta participantes adultos submetidos a cirurgia bariátrica, com IMC acima de 40 Kg.m-2 . Os indivíduos foram distribuídos, aleatoriamente, em três grupos, de acordo com o parâmetro de peso corporal utilizado para calcular a dose de sugamadex ao final do procedimento, para reversão do bloqueio neuromuscular: peso ideal (PI), peso ideal corrigidocomacréscimo de 20% da diferença entre o peso real e o ideal (peso corrigido em 20% — PC20) ou peso ideal corrigidocomacréscimo de 40% da diferença entre o peso real e o ideal (peso corrigido em 40% — PC40). Todos foram submetidos a anestesia geral venosa total, com rocurônio em infusão contínua para obtenção do bloqueio neuromuscular. Acelerometria com estimulação elétrica por sequência de quatro estímulos (train-of-four — TOF) foi utilizado para monitorizar a profundidade do bloqueio neuromuscular. Ao final da cirurgia, após a recuperação espontânea da segunda resposta do TOF (T2), uma dose única em bolus de 2 mg.Kg-1 de sugamadex foi administrada a cada paciente, de acordo com o parâmetro de peso corporal, atribuído por seu grupo de alocação. Os desfechos estudados foram o tempo de reversão do bloqueio neuromuscular, definido como o tempo, em segundos, até a obtenção de TOF igual ou superior a 0,9, e a ocorrência de curarização residual, definida como presença de sinais e sintomas de comprometimento da função neuromuscular no período pós-operatório imediato na sala de recuperação pós-anestésica (SRPA) – capacidade para se transportar, compoucaounenhumaajuda, da cama cirúrgica para a de transporte para a SRPA, adequação da oxigenaçãoatravés de oximetria de pulso, padrãorespiratório, habilidade para deglutir saliva e clareza de visão. Resultados: Os grupos foram homogêneos quanto às suas características — gênero, idade, tipo de cirurgia, peso corporal total e IMC. Os tempos de reversão do bloqueio, em segundos, foram (média e desvio padrão) 225,2 ± 81,2 no grupo PI, 173.9 ± 86.8 no grupo PC20 e 174.1 ± 74.9 no grupo PC40 (p = 0.087). Nenhum participante apresentou sinais de curarização residual pós-operatória na sala de recuperação pós-anestésica. Conclusões: Considerando que não foram observadas diferenças entre os grupos quanto ao tempo de reversão do bloqueio neuromuscular e a frequência de curarização residual pós-operatória, utilizando menores doses de sugamadex com base no peso corporal ideal do que com base nos pesos corrigidos, conclui-se que o peso corporal ideal pode ser utilizado para calcular a dose de sugamadex para reverter, adequadamente, o bloqueio neuromuscular moderado induzido por rocurônio em pacientes obesos mórbidos submetidos a cirurgia bariátrica.