Entendendo nas entrelinhas : como as crianças compreendem ironia em discursos argumentativos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Souza Alves, Cristhiane
Orientador(a): Leitão Santos, Selma
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/8067
Resumo: Dentre os recursos que podem ser empregados na defesa de um ponto de vista, ou mesmo na produção de contra-argumentos, enfoca-se, neste trabalho, a utilização da estratégia enunciativo-discursiva da ironia, que se caracteriza pela implicitação de sentidos diferentes daqueles que comumente seriam entendidos no enunciado ou discurso em questão. Considerando que é possível compreender ironia, segundo alguns estudos, em torno dos primeiros anos escolares, este trabalho se propôs a observar como a compreensão da ironia, a partir da perspectiva enunciativa dialógica, poderia afetar o reconhecimento dos elementos básicos de uma argumentação (argumento, justificativa, contra-argumento, resposta) por crianças que tivessem entre cinco e oito anos de idade. Esta investigação assume a perspectiva dialógica bakhtiniana de linguagem, que é vista como atividade social interativa, na qual sujeitos históricos interagem verbalmente produzindo e recebendo enunciados, que terão seus sentidos constituídos a partir da interação de diversos contextos, pontos de vista e falas sociais. Consequentemente, a compreensão aqui é entendida como um processo ativo, no qual existe uma orientação em relação à enunciação do outro, isto é, o interlocutor estabelece uma correspondência entre suas próprias palavras com as palavras que lhe foram enunciadas, como se fosse uma réplica, o que caracteriza a dialogicidade constitutiva do discurso. Quanto à argumentação, assume-se a perspectiva pragma-dialética, na qual argumentar é um ato de fala complexo, cujo propósito interacional é contribuir para a resolução de uma diferença de opinião. Este ato de fala argumentativo apresenta um efeito comunicativo, correspondente à sua compreensão, e um efeito interacional, que é a aceitação ou resposta ao ato de fala realizado, os quais não têm que necessariamente coincidir. No entanto, a fim de que algum grau de aceitação se efetue, será preciso alcançarse pelo menos algum grau de compreensão. A pesquisa foi realizada com quarenta crianças entre cinco e oito anos de idade, as quais assistiram a alguns trechos de filmes infantis em DVD, que continham situações argumentativas com ocorrência de ironia. Durante a exibição, foram realizadas perguntas relativas à compreensão da situação discursiva apresentada, as quais visavam capturar a compreensão tanto da ironia quanto de sua função retórica. As atividades foram videografadas e submetidas à análise da responsividade compreensiva de cada criança diante das situações discursivas observadas. As respostas dadas pelas crianças indicaram ser a compreensão do efeito de sentido irônico um pressuposto fundamental para a compreensão dos movimentos argumentativos de justificação ou de ataque a um ponto de vista que subjaciam aos enunciados irônicos. As crianças que aparentemente não capturaram uma subversão no sentido de um enunciado caracteristicamente irônico, também pareceram não atribuir-lhe uma função retórica