Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
GALVÃO, Danielle Laet Silva |
Orientador(a): |
MONTEIRO, Estela Maria Leite Meirelles |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso embargado |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Saude da Crianca e do Adolescente
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/52433
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Resumo: |
Os benefícios da amamentação apresentam embasamento científico, constituindo um direito reprodutivo negligenciado em populações minoritárias, como as de transgêneros. O referencial da interseccionalidade constitui uma lente teórica analítica, que conecta os elementos que marginalizam a população trans no acesso aos serviços de orientação à amamentação. O estudo objetivou compreender as vivências dos profissionais de bancos de leite humano e de indivíduos transgêneros masculinos, usuários de serviços de saúde no contexto da amamentação. Tratou-se de um estudo qualitativo, interpretativo. Participaram seis profissionais que atuavam em bancos de leite humano e que assistiram previamente homens trans, além de dois homens trans, que, mediante suporte profissional, amamentaram seus filhos no peito, por pelo menos um mês, nos últimos 5 anos. Os dados foram coletados de agosto a outubro de 2022, através de registros em diário de campo, aplicação de formulários com caracterização sociodemográfica e entrevistas semiestruturadas individuais, embasadas por roteiros previamente testados. As entrevistas foram gravadas, transcritas e validadas pelos participantes. Foi utilizada a técnica de Análise Temática, proposta por Braun e Clarke, com o auxílio do software Atlas.ti (versão 9.0). Foram identificadas duas categorias temáticas para cada grupo de participantes: I - Imediatez e significabilidade na vivência assistencial ao homem transexual e II - Sugestões para assistência almejada ao homem transexual, em serviço de Banco de Leite Humano, para os profissionais de saúde; e I - Imediatez e significabilidade na vivência do homem trans sobre o processo de amamentar e II - Assistência almejada pelos homens trans: sugestões para gestores/serviços e profissionais de saúde no contexto da amamentação, para os usuários trans. Os resultados demonstraram vivências profissionais com tentativa de inclusividade, porém permeadas por lacunas de conhecimento sobre as especificidades dessa população. Todos atenderam apenas um homem trans em suas vivências. Os homens trans revelaram vivências diversas, oscilando de violências transfóbicas, pelo uso de nomes não condizentes a sua identidade de gênero e julgamentos morais, até a percepção de inclusividade por profissional de suporte ao aleitamento. O engajamento dos profissionais, com reconhecimento de suas limitações e com abertura para as possibilidades de aprendizado com auxílio dos usuários, concorreu para que os homens trans pudessem alcançar uma vivência prazerosa em amamentar, culminando na adesão exitosa deste cuidado ao filho. Diante das lacunas identificadas na assistência, os profissionais e usuários trans de serviços de saúde sugeriram, como medidas para incremento da inclusividade, o incentivo à pesquisa e educação permanente em saúde dos profissionais, com participação de pessoas trans. Citaram a necessidade de contemplar informações sobre a amamentação, desde o pré-natal, e de acompanhamento multidisciplinar, capaz de estabelecer uma relação de empatia com essa população, com ênfase em uma assistência integral. Concluiu-se que as ferramentas de opressão da cis-heteronormatividade e modelo biomédico de cuidado estão presentes no atendimento à população trans no contexto da amamentação. É necessária a compreensão das vivências de profissionais e usuários trans de serviços de suporte em aleitamento para subsidiar políticas públicas resolutivas que possibilitem enfrentamento das iniquidades com base na interseccionalidade. Espera-se que este estudo contribua para reflexão e reestruturação de práticas para atendimento integral e equânime à população trans em amamentação. |