Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
ARAÚJO, Camila Brasilino Botêlho de |
Orientador(a): |
ADAM, Mônica Lúcia |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso embargado |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Biologia Animal
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/55553
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Resumo: |
A poluição representa uma das maiores ameaças aos ecossistemas marinhos, devido ao elevado potencial de bioacumulação que muitos contaminantes apresentam e seus impactos negativos sobre a saúde das espécies expostas. No Brasil, o Parque Nacional Marinho e a Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha (AFN), e o Monumento Natural e a Área de Proteção Ambiental do Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP) são áreas de proteção ambiental marinhas estabelecidas por lei, consideradas “hotspots” de biodiversidade. Atualmente, diferentes métodos estão sendo utilizados para a realização de diagnósticos da saúde ambiental, dentre eles a análise de danos no genoma em consequência da ação de poluentes e estressores. Contudo, até o momento, essas metodologias ainda não tinham sido aplicadas ao estudo de elasmobrânquios e grandes peixes-ósseos pelágicos marinhos de valor comercial, como os atuns e afins. Deste modo, o presente estudo buscou investigar a incidência de danos genômicos entre diferentes espécies de tubarões que habitam o AFN e o ASPSP e a relação desses danos com concentrações de metais presentes no sangue de tubarões no AFN. Além disso, foi realizada a investigação da incidência de danos genômicos em diferentes espécies de peixes- ósseos pelágicos comerciais no ASPSP, bem como a análise comparativa dos referidos danos entre indivíduos de albacora-laje (Thunuus albacares) capturados em ambas as unidades de conservação. As frequências de danos foram avaliadas de acordo com as metodologias de ensaio micronúcleo e de quantificação de anormalidades nucleares, levando-se em consideração as variações entre espécies, áreas de coleta e relação com o comprimento total dos indivíduos, concentrações de metais no sangue e sazonalidade climática. Também foram realizadas análises químicas de amostras de água do mar das duas unidades de conservação para identificação e quantificação de contaminantes com efeitos genotóxicos disponíveis nesses ambientes. Os resultados indicaram frequências elevadas de danos genômicos em todas as espécies analisadas em ambos os arquipélagos, sugerindo um impacto ambiental nestas ilhas. A análise comparativa realizada com T. albacares demonstrou um maior impacto no ASPSP comparado ao AFN, apesar de ASPSP ser uma região afastada do continente, sugerindo que esse impacto no ASPSP se deve, principalmente, pela falta de um sistema de tratamento de resíduos na região. A presença de metais, HPAs e coliformes, na sua maioria, em concentrações abaixo dos valores máximos permitidos pela legislação vigente, assim como a presença de surfactantes em concentrações acima do permitido em ambas as regiões corroboram a presença de fontes autóctones de contaminantes em ambas as áreas de conservação. A maior incidência de danos genômicos evidenciada nos tubarões analisados em comparação com as espécies de peixes- ósseos, sugerem que os tubarões são mais suscetíveis a efeitos subletais em decorrência do contato com poluentes. O tubarão-tigre, Galeocerdo cuvier, apresentou a maior suscetibilidade entre as espécies analisadas, enquanto o tubarão-lixa, Ginglymostoma cirratum, foi a espécie com as menores frequências de danos e concentrações de metais. Características como o uso do habitat, posição trófica, metabolismo e características morfológicas, como a incidência elevada de gordura no músculo e fígado, podem favorecer a frequência elevada desses efeitos. No entanto, níveis basais de concentrações de metais no sangue e de frequência de danos genômicos em tubarões ainda não foram estabelecidos. Porém, a elevada instabilidade genômica observada nos tubarões é preocupante quanto ao estado de saúde desses animais, bem como à qualidade do ambiente. Assim, apesar das áreas de estudo serem duas unidades de conservação protegidas por lei, estas estão sob impacto ambiental como demonstrado pela análise da qualidade da água e frequência de danos genômicos, evidenciando a necessidade do monitoramento contínuo dessas regiões e da elaboração de medidas de manejo eficazes para o despejo de resíduos, visando a conservação desses ecossistemas únicos e de sua fauna associada. |