Peste : dinâmica da distribuição e circulação da infecção no Estado de Pernambuco, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: FERNANDES, Diego Leandro Reis da Silva
Orientador(a): ALMEIDA, Alzira Maria Paiva de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Ciencias Biologicas
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/45994
Resumo: A peste é uma zoonose de roedores silvestres, transmitida por pulgas, que pode infectar outros mamíferos, inclusive humanos. Pela gravidade da doença e sua rápida evolução a peste pode gerar emergências de saúde pública de interesse internacional. Os avanços tecnológicos e científicos ainda não permitem eliminar a infecção dos focos naturais que persistem em numerosos países alternando períodos de atividade e quiescência. No estado de Pernambuco, a zoonose introduzida em 1902, apresenta-se silente desde a década de 1980, mas a qualquer momento, encontrando condições favoráveis, pode voltar a se manifestar. Compreender a dinâmica da infecção para construção dos cenários futuros de risco para sua transmissão e determinar os períodos e locais que exijam maior atenção dos órgãos de saúde pública afim de direcionar as atividades de vigilância nessas áreas. Foram construídos bancos de dados contendo informações sobre os casos humanos, reservatórios, vetores e dados ambientais utilizando dados primários e secundários no período de 1902 a 2005 disponíveis no Serviço de Referência Nacional de Peste da FIOCRUZ PE que foram analisados utilizando ferramentas de geoprocessamento. As análises aplicadas aos casos humanos usando o município de Exu, localizado no foco da Chapada do Araripe (Pernambuco), como área de estudo de caso no período de 1945-1976 permitiu evidenciar a transição da infecção da área urbana para a silvestre e o ressurgimento dos casos após um período de quiescência, independente da reintrodução a partir de outros focos ativos. Os resultados das análises sobre a ocorrência e distribuição geográfica de roedores hospedeiros e de pulgas vetores nas áreas de peste brasileiras revelaram diferenças na composição das faunas rodentia e sifonapteriana no foco da Serra dos Órgãos (RJ) região sudeste, e no nordeste do Brasil que são atribuídas aos diferentes biomas nas duas regiões. Importante flutuação nas populações de roedores foi observada após um período epidêmico no município de Exu, com redução da fauna silvestre representada principalmente por Necromys lasiurus e aumento da espécie comensal Rattus rattus. Os resultados confirmam a espécie N. lasiurus como responsável por epidemias de peste na área focal de transmissão no nordeste do Brasil, uma vez que a redução nas populações desta espécie ao longo do tempo coincide com a quiescência da doença. Além disso, o aumento nas populações de R. rattus diretamente relacionado ao processo de urbanização de pequenas localidades rurais não produziu epidemias de peste como se poderia esperar, especialmente considerando sua proximidade com os humanos favorecendo a propagação da peste e outras doenças transmitidas por esses roedores. A análise contribuiu para confirmar o papel das espécies silvestres como hospedeiros amplificadores da peste e dos ratos comensais (R. rattus) como possíveis hospedeiros preservadores no período quiescente naquela área de transmissão da infecção. A ocorrência de reservatórios naturais e vetores competentes evidencia o potencial de manutenção e transmissão da bactéria e, consequentemente, a necessidade de manutenção e aprimoramento do programa de vigilância da peste a fim de evitar o acometimento futuro das populações humanas.