Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
SANTOS, André Carlos dos |
Orientador(a): |
ROSAS, Suzana Cavani |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Historia
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/35232
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Resumo: |
Esta pesquisa investiga as repercussões do crime na história de vida de um escravo chamado Thomaz, bem como da criminalidade escrava em um meio de contestação a escravidão no Brasil, entre os anos de 1867 a 1871, sustentando que se por um lado as repercussões das ações rebeldes do escravo não lhe renderam qualquer sucesso, por outro, a criminalidade escrava enquanto fenômeno social chamou cada vez mais a atenção da sociedade civil para o debate sobre a situação do elemento servil. A vida de Thomaz nos conduzirá a perceber que a criminalidade escrava foi de um fenômeno histórico que emergiu das relações sociais e uma importante arma na derrocada do sistema escravista, e que os escravos criminosos formaram uma cultura subversiva em busca de dias melhores. Nossas fontes são um conglomerado de leis, relatórios do Tribunal da Relação de Pernambuco e do Ministério da Justiça, libelos acusatórios, resenhas de sentenças proferidas pelos juízes, relatório dos presidentes de província, a cobertura dos jornais da época aos crimes do escravo, mas, sobretudo processos-crime. No cotejamento dessas fontes trouxemos Emilia Viotti da Costa, que em Coroas de glória, lágrimas de sangue mostrou que não se constrói uma narrativa sem cogitar todas as suas possibilidades, sem coletar todos os testemunhos, que por mais conservadores ou radicais que sejam, nos contam histórias que muitas vezes, seus próprios autores nem se dão conta. Igualmente Carlo Ginzburg quando analisou que nem sempre os condicionamentos e as intenções das personagens estão claramente indicados nos testemunhos. Logo, foi necessário compreender o contexto, a cultura da sociedade onde estavam inseridos, e o que nela era trivial, cotidiano, esmiuçando as fontes a partir do Paradigma Indiciário, atentando para além do que nela está escrito, o que é secundário, seus detalhes, sinais, indícios, às vezes, gestos inconscientes que nos revelaram muito mais do que qualquer atitude formal. Um conjunto de obras de Edward Palmer Thompson, destacando-se Senhores e caçadores, Costumes em comum e A formação da classe operária inglesa entre outras, nos mostraram que uma classe social pode ser flagrada em sua formação histórica a partir do início da prática de certos costumes, interferindo assim nas relações sociais, econômicas, e até criminais etc. Por fim, por A herança imaterial de Giovanni Levi percebemos que as experiências e as relações das personagens históricas devem ser exploradas de forma a salientar suas individualidades, como também de inseri-las no contexto histórico aos quais estavam imersos, e isto foi feito através de um constante jogo de redução e ampliação da escala de observação do objeto em estudo. A partir do cruzamento de nossos objetivos, fontes e metodologia, o escravo Thomaz será apresentado não como fruto de um arcabouço histórico a qual estava inserido, mas como protagonista, agente direto e ativo na condução de sua história, como também produtor de cultura subversiva. |