Retábulo de Santa Joana Carolina, de Osman Lins: um discurso de sagração do humano

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Melo, Priscila Medeiros Varjal de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/11635
Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo investigar a maneira como o escritor pernambucano Osman Lins se utiliza de um discurso alegórico para refletir sobre a dessacralização da vida humana operada pela sociedade atual. Isto no que diz respeito, sobretudo, à quebra do vínculo religioso que existia entre o Humano e a Natureza na narrativa Retábulo de Santa Joana Carolina, do livro Nove, Novena. Este estudo tem início com a análise da atualização do gênero escolhido pelo autor para a construção do Retábulo – a Hagiografia –, modelo textual comumente utilizado para narrar a vida dos santos católicos, com interesse na causa da Canonização. Entretanto, a Hagiografia não é o único elemento extraído do Cristianismo focado nesta pesquisa. Analisamos também, no imaginário religioso utilizado pelo autor, tanto a figuração presente no título da obra que abarca a narrativa (Nove, ‘Novena’ = conjunto de orações destinadas a alcançar uma graça por intermédio de um santo de devoção de quem reza), quanto a da própria narrativa: ‘Retábulo’ de Santa Joana Carolina, que aparece com a plasticidade das construções em madeira responsáveis por ornamentar os altares das Igrejas Católicas. O processo de sagração iniciado por Osman, no entanto, não se dá em uma perspectiva religiosa tradicional, uma vez que seu movimento de comunhão é telúrico, pois a santa Joana é sacralizada com um ritual de “retorno” à Terra-Mãe, não faz um deslocamento ascensional, como o dos cristãos. Tal enlace, que resgata aspectos dos rituais religiosos panteístas, move esta investigação para um modo que confere destaque à Natureza antes da Cultura, e para um discurso que propõe com sua figuração uma espécie de pacto pós-cristão. É como se o autor louvasse a dimensão sagrada e misteriosa do mundo, perdida com a sociedade pósindustrial, mas dentro de uma visão liberta da ingenuidade determinista de outrora.