Santa Joana Carolina : um retábulo de interfaces literárias e cinematográficas em Osman Lins

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: PORTELA, Adriano Siqueira Ramalho
Orientador(a): FERREIRA, Ermelinda Maria Araújo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Letras
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/53836
Resumo: Escritor. Dramaturgo. Crítico. Professor. Osman Lins sempre foi um intelectual engajado e um entusiasmado amante das letras. Na coletânea de artigos publicados na imprensa e reunidos no livro Do ideal e da glória: problemas inculturais brasileiros, ele aborda com franqueza aspectos da vida cultural da época (1965-1976), que, passados quase sessenta anos, ainda ressurgem com força, atestando a atualidade de muitas de suas preocupações. Alguns desses artigos, portanto, contêm os germens da proposição de uma pesquisa literária muito próxima daquela que hoje povoa os cursos universitários voltados para a Escrita Criativa. Enquanto escritor, professor, dramaturgo e cineasta, interessei-me desde sempre pela obra osmaniana; a qual recorro como inspiração para as minhas próprias produções, desde as acadêmicas até as artísticas. Assim, envolvido num ambicioso projeto de adaptação para o cinema da narrativa “Retábulo de Santa Joana Carolina”, do livro Nove, Novena (1966), do escritor pernambucano, ao mesmo tempo em que me debruçava sobre o processo de escritura de uma tese de doutorado sobre esse autor, vi as duas atividades se entrelaçarem inevitavelmente, resultando neste trabalho híbrido que apresento ao Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE. O texto trata inicialmente do particularíssimo modo experimental de concepção da narrativa ficcional do Retábulo, revelando o quanto Osman Lins fazia frente à ortodoxia também no campo da criação. Daí o seu interesse por experiências radicais levadas a cabo pelos franceses, como o Nouveau Roman na literatura e a Nouvelle Vague no cinema, com as quais estabeleceu um contato próximo durante uma bolsa de estudos que o levou a Europa nos anos 1960. Isso me inspirou a tecer aproximações com as técnicas cinematográficas de Jean-Luc Godard que, bem provável, teriam influenciado na concepção renovadora da escrita ficcional osmaniana, com seus cortes, sobreposições, focos múltiplos e apelo à visualidade em muitas camadas. O estudo desse paralelo da literatura com o cinema moderno também me orientou no meu próprio processo adaptativo da obra em questão, que resultou na escrita do roteiro de um filme. Foi possível, neste meu processo conjunto, chegar a uma intimidade com muitos aspectos da criação literária que a simples teorização não permitiria. Citando Osman Lins: “Obteve-se, além disso, algo que o professor e o aluno raramente conhecem nas salas de aula: a alegria de fazer” (1977, p. 78).