“Nós enverga, mas não quebra” : identificação, organização e territorialidade entre os Tapuya Kariri“

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: CARNEIRO, Francisca Jeannié Gomes
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Antropologia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/32230
Resumo: Esta dissertação tem por objetivo discutir o processo de identificação, organização e territorialidade dos Tapuya Kariri, uma das 14 etnias dos Estado Ceará, situados no Sítio Carnaúba II, em São Benedito, na Serra da Ibiapaba. Espera-se com este trabalho mostrar como os Tapuya Kariri se autoidentificam como indígenas e reivindicam o território e sua regularização, frente a morosidade no processo de demarcação das terras. Dessa forma a pesquisa partiu do pressuposto de que as interferências causadas por “posseiros” resultou no cerceamento do território, modificando as relações indígenas com a natureza e o modo de viver da população, aprisionando não somente a terra, mas o próprio povo. Para isso, foi utilizado como referência autores que trabalham sobre os povos indígenas no Nordeste, adotando o caráter qualitativo, partindo da observação participante para construir a etnografia aqui apresentada. Além disso, foram realizadas entrevistas semi-estruturada, registros fotográficos, mapeamentos e a elaboração de croquis para melhor contextualizar e analisar os dados obtidos e apresentados. Assim, as narrativas sobre a perca do território a partir da comparação entre um passado de “terras livres, libertas” em oposição a um presente de “terras presas”, “cercadas”, orientam a percepção de como eles acionam a identificação indígena, bem como as ações desenvolvidas para recuperar esse território reivindicado como pertencente aos seus antepassados que outrora foi “invadido”. Dentro desta perspectiva verificou -se as intervenções feitas no local e como os indígenas tem agido diante das investidas de “posseiros” identificando assim, os conflitos que resultam dessa interação de índio e não-índios. Além disso, considerase os diferentes agentes que contribuíram para a organização Tapuya Kariri, mostrando como este movimento ganha força e na medida em que cresce, mobiliza a autoidentificação dos “parentes”. Nesse cenário, “ganhos” como a escola, tornaram-se espaço de materialização da presença indígena em um lugar de conflito pelo território. Sobre a identificação é possívelconcluir que está pautada no parentesco e foi acionada num contexto de disputa territorial, levando-os assim, a se organizarem coletivamente como Tapuya Kariri em prol do território que eles concebem como era anteriormente “livre”, “liberto”, “sem cerca”.