Desmame precoce e comportamento alimentar hedônico: papel do sistema opioidérgico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: ALMEIDA, Larissa Cavalcanti do Amaral
Orientador(a): SOUZA, Sandra Lopes de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Neuropsiquiatria e Ciencia do Comportamento
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/34112
Resumo: Segundo a OMS, a amamentação exclusiva é recomendada até os seis meses de vida, e a partir dessa idade até os dois anos, suplementada com outros alimentos. Estudos em animais de laboratório demonstram que o desmame fora do tempo preconizado acarreta uma série de prejuízos a longo prazo no comportamento alimentar e suas vias neurocomportamentais, dentre elas o comportamento alimentar hedônico que controla a ingestão de alimentos palatáveis através de vias de recompensa. O controle hedônico é feito, principalmente, pela via mesolímbica que envolve diversas conexões nervosas e tem como estruturas principais a área tegmentar ventral (VTA), o núcleo accumbens e o córtex pré-frontal. O sistema opioidérgico tem sido amplamente estudado como importante modulador do sistema de recompensa, atuando na via mesolímbica em seus dois principais segmentos (Accumbens-VTA, VTA- Córtex pré-frontal) modulando o impacto hedônico imediato. Dessa forma o presente estudo teve como objetivo avaliar se o bloqueio da via opioidérgica neonatal é capaz de interferir sobre o comportamento alimentar hedônico de ratos desmamados precocemente. Os grupos experimentais foram formados de acordo com o período do desmame de cada ninhada e o tratamento neonatal: Grupo Desmame Precoce(D15) – animais desmamados no 15° dia pós-natal; Grupo Controle (D30) - animais desmamados no 30° dia pós-natal; Grupo Desmame Precoce + Naltrexona(D15+NTX): animais D15 submetidos à administração de naltrexona (3mg/Kg) por via subcutânea. Os padrões comportamentais desses grupos foram divididos em 2 experimentos. O experimento 1 avaliou padrões comportamentais de ingestão alimentar de dieta palatável após estresse alimentar agudo, ingestão de alimento padrão de biotério após jejum de 8 horas e padrões comportamentais semelhante a depressão. No experimento 2 foram avaliados o padrão dos componentes hedônicos “Wanting”, “Learning” e “Liking”, o consumo de alimento palatável e o consumo de alimento palatável frente a dose aguda de naltrexona. No experimento 1, os grupos D15 (n=8; 138,3±18,6; p<0,01) e D15 + NTX (n=8; 139,3±18; p<0,01) apresentaram um aumento do tempo de imobilidade quando comparados ao grupo controle (n=8; 70,6±16,5; p<0,01.). No experimento 2, o tempo de reatividade a sacarose o grupo D15 (n=8; 33,8±9,3;p<0,05) apresentou um menor tempo de reação quando comparado ao grupo D30 (n=8; 64,1±8;p<0,05). O grupo D15 + NTX (n=8; 62,3±9,8;p<0,05) apresentou um aumento da reação a sacarose quando comparado ao grupo D15 (n=8; 33,8±9,3;p<0,05). A ingestão alimentar do grupo D15(n=8; 13,36 ±1,56; p<0,05) foi maior que o grupo D30 (n=8; 10,34±2,70; p<0,05). O grupo D15 + NTX (n=8; 10,35 ±1; p<0,05) quando comparado com o D15 apresenta uma diminuição da ingestão alimentar. Os animais D15+ NTX demonstram na vida adulta ser resistente a aplicação aguda de naltrexona, no consumo alimentar palatável intergrupos após aplicação aguda de naltrexona, o grupo D15 (n=8; 7,13±2,18; p<0,05) apresentou um aumento do consumo alimentar em comparação ao grupo D30 (n=8; 4,74±1,09; p<0,05). Já o grupo D15+ NTX (n=8; 10,92±2,12; p<0,05) apresentou um aumento do consumo quando comparado ao grupo D15 e ao grupo D30. Dessa forma, podemos concluir que o desmame precoce promove alterações nos mecanismos de “Liking” do comportamento alimentar hedônico envolvido com o sistema opioidérgico.