“Chora sanfona sentida” : um estudo sobre as estratégias de sobrevivência da população de trios de forró em Caruaru/PE

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: AMORIM, Emanuel Rodrigues
Orientador(a): XAVIER FILHO, José Lindenberg Julião
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: PPrograma de Pós-Graduação em Gestão, Inovação e Consumo
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/48581
Resumo: A indústria cultural impõe padrões de consumo, estimulando determinado senso estético em detrimento de outros, gerando dificuldades para a sobrevivência de toda a população de organizações da indústria criativa que estão à margem do mainstream da produção. No contexto de Caruaru, os trios de forró (organizações significativas para a identidade da região) ficam à margem dos principais circuitos de shows, principal forma de obtenção de rendas. Sendo assim, os trios de forró necessitam implementar estratégias que viabilizem sua sobrevivência. A partir desse contexto, esta pesquisa buscou identificar quais estratégias viabilizam a sobrevivência dos trios de forró na cidade de Caruaru. Foi utilizado como quadro teórico a compreensão sobre formação de estratégias e os estudos da ecologia populacional, com destaque para os diferentes níveis ecológicos presentes no ambiente que os trios de forró disputam recursos. Para produzir este estudo de caso único incorporado, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com nove gestores de trios de forró e com o presidente da associação destas organizações, totalizando quinze horas de entrevistas, análise de editais e observações de campo que foram analisadas qualitativamente considerando as posições dentro da ecologia populacional (indivíduo, organização e população). Ao nível do indivíduo foram percebidas seis estratégias: (1) possuir outras fontes de renda genéricas; (2) docência do instrumento; (3) tocar para outros grupos; (4) explorar recursos e competências técnicas adquiridas em função de atividades ligadas ao trio; (5) utilizar os recursos existentes para explorar outros mercados, e (6) apresentar-se individualmente. Ao nível organizacional, foram observados posicionamentos voltados para o regionalismo ou aproximação das linguagens dominantes, com nichos de mercados específicos para cada posição. Ao nível populacional, foi percebida a tentativa de gerenciar a percepção dos contratantes. A pesquisa também descreveu alguns critérios de adequação impostos pelo ambiente que, se atendidos, promovem uma atuação mais profissional das organizações estudadas e contribuem para acessar e manter recursos. Por fim, ficou evidenciado que os trios de Caruaru não dependem das ações do Estado para garantir a sua sobrevivência, tendo em vista que a maioria das contratações de suas apresentações são oriundas da iniciativa privada, sobretudo de festas particulares e de estabelecimentos do setor de alimentos e bebidas. Porém, o Estado pode atuar como indutor do crescimento e estabilidade do mercado dos trios, impulsionando o caráter turístico da região, do qual os trios tiram proveito.