Resistir para existir : o organizar político dos entregadores de plataformas digitais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: SOARES, Angélica Pereira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Administracao
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/46296
Resumo: Em um contexto envolvendo uma força de trabalho geograficamente dispersa, sob demanda, altamente dependente das plataformas de entrega como única opção de renda e imersos na ideologia do empreendedor de si, ações de resistência e movimentos de organização política parecem menos prováveis do que várias formas de individualismo. No entanto, durante a pandemia de Covid-19, os entregadores organizaram no Brasil quatro paralisações nacionais, denominadas de Breque dos Apps, foram criadas cooperativas e coletivos de luta como forma de reivindicar melhores condições de trabalho ou para criar outros modos de trabalho por fora das plataformas digitais. Nesse sentido, o objetivo desta dissertação consiste em compreender a construção do organizar político dos entregadores que atuam subordinados às plataformas digitais. As premissas das epistemologias do Sul (SANTOS, 2010a, 2019) me guiaram para traduzir as experiências organizativas silenciadas e os movimentos de resistência emergentes construídos de baixo para cima pelos próprios entregadores e entregadoras. Para tanto, realizei uma pesquisa netnográfica, por meio da qual busquei articular o conhecimento científico ao conhecimento artesanal. Os instrumentos utilizados para a coleta dos saberes foram a observação participante e entrevistas narrativas e a análise se baseou na hermenêutica diatópica (SANTOS, 2002). Os achados indicam um organizar autonomista, emergente e plurifacetado, são diferentes saberes, temporalidades e modos que constituem esse organizar, que podem tomar a forma de cooperativas, associações, coletivos autogestionados e movimentos que surgem sem uma estrutura definida, em que os contornos vão se desenhando ao longo do processo de luta. Os modos de organizar identificados trazem luz sobre os movimentos políticos de trabalhadores, usualmente, considerados despolitizados e sub-representados pelas organizações políticas tradicionais. O estudo contribui para evidenciar a capacidade de ação e de articulação dos coletivos pesquisados, muitas vezes, ignorados por serem pequenos e locais, além de descrever formas emergentes de resistir e organizar dos trabalhadores inseridos no capitalismo de plataforma.