Habilidades argumentativas : do debate crítico à argumentação cotidiana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: MACÊDO, Gabriel Fortes Cavalcanti De
Orientador(a): SANTOS, Leitão Santos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Psicologia Cognitiva
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/17730
Resumo: O presente trabalho visa o estudo do desenvolvimento de competências argumentativas em estudantes do curso de Psicologia da UFPE a partir da experiência em uma disciplina eletiva do primeiro período do curso (doravante citada como DIP). Este estudo fez uso do banco de dados de um projeto-mãe chamado “O Debate Crítico como contexto de desenvolvimento do pensamento reflexivo”, projeto que adaptou para sala de aula o modelo do Debate Crítico para estimular o desenvolvimento do pensamento reflexivo através do ensino de habilidades argumentativas. O Debate Crítico foi primeiro proposto por Fuentes (2010), pensador chileno, onde o debate serviria como atividade de intensa atividade cognitiva e discursiva, e, para, além disto, atividade dialógica (consideração da voz do outro) e dialética (construção ponderada do conhecimento). Características que se mostraram interessantes para adaptação e aplicação no contexto de sala de aula na Universidade. Objetivo do trabalho é investigar de que maneira o desenvolvimento das competências argumentativas aprendidos em sala de aula podem ser observados longe de seu contexto de gênese, ou seja, em ambientes de configurações diferentes ao da sala de aula, de conteúdo, professor e condições da discussão. Entende-se desenvolvimento como processos de mudança que afetam de forma integral a constituição dos sujeitos, no caso deste estudo, se está diante de processos de mudança na do pensamento reflexivo, caracterizado sumariamente como processo de autorregulação do pensamento. Isto justifica a articulação com argumentação, aqui entendida como atividade cognitivo-discursiva de natureza dialógica/dialética que mobiliza de forma explícita a dimensão reflexiva da cognição. Este estudo filia-se à correntes qualitativas de metodologia da pesquisa em psicologia, em especial, focando nos aspectos discursivos dos dados construídos. Os participantes (3) foram estudantes que participaram da disciplina eletiva referida e que participaram de um debate atípico ocorrido em sala de aula. Foram analisados trechos de participações destes alunos em 5 situações diferentes de uso argumentativo, escolhidas em função do grau de afastamento da situação inicial: a participação no Debate Crítico em sala de aula, contexto esse entendido como o zero do ensino formal de argumentação para os alunos no ensino superior. As situações estudadas foram: o Debate Crítico, um momento atípico dentro da DIP, ciclo de aulas de outra disciplina do curso, um grupo focal temático e a solicitação de material de redes sociais onde o estudante acredite haver usado a argumentação. Os parâmetros de afastamento foram: as regras da interação entre os participantes, a temática da discussão, o contexto onde se inseria e a presença de mediador (professor ou pesquisador). A argumentação foi analisada a partir da unidade triádica formulada por Leitão que ajudará na identificação dos episódios argumentativos e em sua estrutura. Foi feita uma análise do discurso para investigar a transformação dos usos da argumentação em função do distanciamento do Debate Crítico. Os principais resultados deste estudo sugerem que a unidade de análise de Leitão consegue abarcar o fenômeno argumentativo em diferentes contextos discursivos de produção, que o ensino de argumentação ganha outras formas a medida que se afasta do contexto inicial: sendo o foco em justificar suas posições, o endereçamento, a caracterização de seus posicionamentos em forma de polêmicas entre duas posições e a consideração de posições alternativas marcas que sugerem desenvolvimento de competências aprendidas em sala de aula para além de contextos não escolares. O que leva a discussão dos diferentes propósitos que sustentam o ensino da argumentação em sala de aula: argumentação para construir conhecimento e para tomar posicionamento no mundo, ou seja, um modo de pensar e agir no mundo.