Representações sociais de enfermeiros obstetras sobre as mulheres em situação de rua

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: FERREIRA, Quézia Tenorio
Orientador(a): PONTES, Cleide Maria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Enfermagem
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/49889
Resumo: As mulheres em situação de rua vivem na invisibilidade e possuem dificuldade de acessos aos serviços de saúde. Os enfermeiros obstetras, pertencentes à rede social secundária, são profissionais que devem estar preparados para proporcionar cuidados de saúde em uma ampla variedade de contextos, por exemplo a falta de habitação fixa. Por isso, o objetivo deste estudo foi analisar as representações sociais de enfermeiros obstetras sobre as mulheres em situação de rua. Trata-se de uma pesquisa descritiva-exploratória, qualitativa, subsidiada na Teoria das Representações Sociais de Moscovici e na Teoria da Rede Social de Sanicola. A pesquisa ocorreu no estado de Pernambuco, no período entre dezembro de 2021 e março de 2022, em 14 das 17 maternidades estaduais. A técnica de coleta de dados foi a entrevista por videochamada. O roteiro semiestruturado foi dividido em três etapas: caracterização social e profissional dos enfermeiros; teste de evocação livre de palavras (TALP); e entrevista narrativa. O tamanho amostral foi de 100 participantes para o TALP e para a entrevista narrativa adotou-se a saturação teórica, que foi confirmada na 12a entrevista. Para análise dos dados foi utilizada a triangulação de métodos. Na caracterização dos participantes foi feita a frequência relativa; as palavras emergidas da evocação foram submetidas à análise prototípica e de similitude pelo Iramuteq; e as informações das entrevistas narrativas foram articuladas aos pressupostos teóricos da hermenêutico-dialética. Todos os preceitos éticos da Resolução no 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde foram respeitados. A maioria dos enfermeiros não foi orientada sobre a assistência à mulher em situação de rua (67%) e parte deles não havia tido nenhum contato com esse grupo na prática profissional (46%). As mulheres em situação de rua foram reportadas pelos enfermeiros obstetras a partir de características vulnerabilizantes: invisibilidade, drogas, prostituição e falta de alimentação. Nenhum dos participantes relatou práticas assistenciais, experiências vividas ou perspectivas para a prestação de cuidado a esse público. Todos os entrevistados atrelaram a deficiência no cuidado à inexistência, fragmentação e/ou fragilidade das políticas públicas. A fragmentação das redes sociais foi abrangida em poucos discursos e os enfermeiros não citaram a importância do fortalecimento da rede social secundária. A escassez de orientação, durante a formação profissional, sobre como assistir à mulher em situação de rua é fator contribuinte para que a Representação Social do enfermeiro obstetra seja formulada como reflexo do conhecimento coletivo. A atuação do enfermeiro obstetra na rede social secundária é importante uma vez que permitirá que essa população estabeleça novos vínculos de confiança. A partir disso é possível a construção de elos e a aplicabilidade de ferramentas de cuidado que promovam melhores resultados de saúde. Outras pesquisas, tendo como objeto de estudo mulheres em situação de rua sob a ótica dos enfermeiros obstetras e subsidiada nas teorias das Representações Sociais e Rede Social devem ser estimuladas.