Pesca, perfil socioeconômico e percepção ecológica dos pescadores artesanais de Porto de Galinhas (PE)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: de Alcântara Pedrosa, Ricardo
Orientador(a): Eurico Pires Ferreira Travassos, Paulo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/8846
Resumo: O presente trabalho teve como objetivos: (i) caracterizar a pesca artesanal praticada em embarções motorizadas em Porto de Galinhas, Município do Ipojuca, PE, por meio da descrição das embarcações e dos aparelhos e das técnicas de pesca utilizados; (ii) analisar o perfil socioeconômico da comunidade de pescadores; (iii) abordar alguns aspectos ecológicos dos pescadores e da ictiofauna que compõe as capturas; e (iv) avaliar a percepção ambiental dos pescadores. A coleta de dados foi feita entre abril e outubro de 2006 com base em entrevistas semi-estruturadas e observação direta. Neste período foram entrevistados 39 pescadores, de um total de aproximadamente 45, os quais desempenham suas atividades deslocando-se a partir de embarcações motorizadas. A frota local atuante é, atualmente, composta de 16 embarcações, que empregam na sua maior parte, tripulações compostas por três pescadores. A rede de espera e a linha de mão são os métodos mais utilizados nas pescarias. Os pescadores locais possuem atualmente renda média mensal de R$ 490,00, a maioria mora nas proximidades do porto, possui casa própria, baixa escolaridade e poucos filhos que trabalham na pesca. No que se refere ao pescado capturado, os pescadores citaram a existência de 50 diferentes espécies, distribuídas em 22 famílias de peixes e 1 de crustáceos. Entre as famílias predominantes nas capturas, por ordem de importância, encontram-se: Scombridae (18,1%), Sciaenidae (15,6%), Carangidae (13,1%), Lutjanidae (11,8%) e Haemulidae (8,8%), as quais, juntas, equivalem a 67,4% das citaçõoes, com destaque para as espécies serra (Scomberomorus brasiliensis) e cavala (Scomberomorus cavalla). A composição das capturas revela que a maior parte das espécie salvo é carnívora de topo da cadeia trófica e esse perfil pode ter ocasionado desequilíbrios na estabilidade das comunidades dos ecossistemas marinhos da região. A área de pesca preferida pelos pescadores é a denominada de Lama , sendo uma das zonas de pesca mais próximas à costa. Segundo os pescadores, a biomassa das principais espécies-alvo caiu muito nos últimos anos, o caso da corvina (Micropogon furnieri), essa queda pode chegar até 90% e para a maioria das principais espécies capturadas mais de 50%. Para muitos pescadores a tendência nos rendimentos das pescarias é de piora devido à redução dos níveis de biomassa dos estoques das espécies exploradas. Segundo eles, a principal causa para a diminuição da biomassa dos estoques foi a pesca de arrasto de camarão. Com relação ao esforço de pesca empreendido pelos pescadores locais, está havendo um processo de redução da frota paralelamente a um aumento do comprimento das redes de espera. O turismo veio oferecer à comunidade local uma melhora em sua condição de vida, gerando novas oportunidades de trabalho, porém, tem contribuído para a redução de mão-de-obra no setor da pesca. Nem todos os pescadores (40%) se consideram satisfeitos com as ações do poder público junto ao setor pesqueiro e a maioria dos pescadores (79%) reconhece a existência de reservas marinhas, sendo favorável à sua implantação na região. Dada a importância social, econômica e cultural da pesca artesanal e das funções ecológicas dos ecossistemas locais, os quais oferecem diversos benefícios para sociedade, é fundamental que se aprofundem os estudos na região para subsidiar tanto o entendimento da atividade da pesca artesanal como dos ecossistemas locais, de forma a garantir o manejo adequado dos recursos