Espectros de tamanhos e biomassa do zooplâncton, com ênfase em decápodes, em ambientes costeiros do Nordeste do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: SCHWAMBORN, Denise Fabiana de Moraes Costa
Orientador(a): ALMEIDA, Alexandre Oliveira de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Biologia Animal
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/56138
Resumo: As contribuições dos decápodes planctônicos tropicais para a comunidade zooplanctônica foram avaliadas através de análises da estrutura de comunidades, séries temporais, e espectros de tamanho e biomassa. Também foram investigadas as variações interanuais de decápodes planctônicos e outros organismos do macrozooplâncton e relacionadas com índices climáticos, como o TSA (“Tropical South Atlantic index”). Testou-se a hipótese central de que as larvas de decápodes são importantes componentes do plâncton costeiro tropical, que respondem de forma significativa às variações climáticas. Amostras de zooplâncton foram coletadas bimestralmente no Estuário do Rio Formoso (2013 a 2015), na Baía de Tamandaré (2013 a 2019) e na Plataforma Continental ao largo de Tamandaré (2013 a 2015), Pernambuco, (Brasil), com uma rede de malha de 300 micrômetros, e analisadas utilizando um equipamento ZooScan. As imagens (vinhetas) foram depositadas no banco de dados ECOTAXA. Os decápodes foram o segundo grupo de organismos mais importante (após os copépodes), em abundância e biovolume. O total de decápodes contribuiu em média com 33,6%, 4,4% e 7,1% de abundância relativa e 30,9%, 30,9% e 15,2% de biovolume relativo no estuário, baía e plataforma, respectivamente. Os táxons e estágios de decápodes mais relevantes nas três áreas de amostragem foram zoeas e megalopas de caranguejos (Brachyura), pós-larvas de camarões peneídeos (principalmente Penaeus spp.), luciferídeos holoplanctônicos (adultos, protozoeas e mísis), zoeas de Anomura, zoeas de camarões-estalo (Alpheidae) e zoeas de Porcellanidae. Zoeas de Brachyura contribuíram com até 81,3% de abundância e até 69% de biovolume, no estuário. As pós-larvas de camarões peneídeos representaram até 28,1% do total de abundância e até 94,7% do biovolume total, na plataforma. Espectros de tamanho de biomassa normalizado (NBSS) foram construídos para o zooplâncton total, larvas de decápodes e outros organismos do mero- e ictioplâncton. Os declives do NBSS foram mais íngremes do que o esperado (estuário: inclinação = -2,45 +- 0,16, baía: inclinação = -1,81 +- 0,10, plataforma: inclinação = -1,80 +- 0,09), o que foi claramente devido à alta abundância de copépodes calanóides, especialmente no estuário. Nossos resultados mostram que os espectros de tamanho, são moldados por interações estruturadas por tamanho, estratégias de nicho de tamanho específico dos táxons e processos de regulação “top-down” da cadeia alimentar. Essa regulação depende da densidade dos predadores (zoeas de Brachyura). Na série temporal de 2013 a 2019, um ponto de inflexão (“tipping point”) significativo (ponto de mudança, p <0,001), com um aumento abrupto na temperatura, foi detectado no índice TSA. Pós-larvas de camarões peneídeos (Penaeus spp.), copépodes, apendiculárias e quetognatos, apresentaram abundâncias significativamente mais baixas no período após o evento EN. Medusas de cnidários e ovos de teleósteos foram destacados entre os poucos “vencedores” desta série temporal. O forte evento EN (o “El Niño Godzilla”) de 2015-2016, em conjunto com o aquecimento antropogênico global, atuou como um gatilho (“trigger”), desencadeando uma mudança de regime de temperaturas na região da TSA, que afetou diretamente os ecossistemas costeiros estudados.