Diversidade funcional e isotópica do microzooplâncton de uma região costeira tropical (Baía de Tamandaré, Pernambuco, Brasil), de 2013 a 2019

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: LOLAIA, Morgana Brito
Orientador(a): SCHWAMBORN, Ralf
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Biologia Animal
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/53386
Resumo: Análises de diversidade funcional e isótopos estáveis vêm sendo muito utilizadas como ferramentas adicionais ao estudo tradicional da ecologia do zooplâncton. A diversidade funcional é a medida dos valores das espécies, de acordo com seus atributos ou características, que influenciam o funcionamento do ecossistema. Os isótopos estáveis são indicativos de dieta (Carbono) e posição trófica (Nitrogênio) presentes no tecido dos organismos. Estudos de longo prazo são importantes na observação das variações sazonais, interanuais e os efeitos de anomalias climáticas na comunidade microzooplanctônica. Esta tese teve como objetivo principal avaliar relações ecológicas do microzooplâncton através de análises de diversidade funcional e isótopos estáveis e a sua variabilidade influenciada pela sazonalidade, interanualidade e condições ambientais ao longo de uma série temporal. As amostras foram coletadas bimestralmente (junho de 2013 a agosto de 2019) em três estações na Baía de Tamandaré (Pernambuco, Brasil), através de arrastos subsuperficiais com redes cônicas de malha de 64 μm. As amostras foram acondicionadas em potes plásticos contendo formalina a 4%, tamponadas com tetraborato de sódio (5 g L−1). Foram selecionadas quatro amostragens por ano (duas no período seco, duas no período chuvoso). As amostras foram quarteadas, uma parte foi separada para a contagem, medição e identificação do zooplâncton e a outra parte para as análises de isótopos estáveis no espectômetro de massas. Para o cálculo de diversidade funcional, a assembleia de copépodes foi analisada quanto aos seus atributos funcionais e dividida em grupos funcionais. A análise de diversidade funcional mostrou que uma mínima variação das condições ambientais (temperatura e salinidade) afetaram significativamente os grupos funcionais de copépodes (91% da variação explicada) e que o grupo mais abundante apresenta atributos funcionais (características morfológicas e estratégia reprodutiva) que permitiram sua permanência em um ambiente em constantes variações. A análise de isótopos estáveis permitiu detectar o nível trófico de espécies-chave através de uma nova abordagem, “mistura-de-espécies-biomassas-e-isótopos” (em inglês, SBIM) que analisa toda a comunidade. O copépode Pseudodiaptomus acutus apresentou o maior nível trófico dentro da comunidade zooplanctônica, enquanto organismos de pequeno porte, como náuplios de copépodes e larvas de poliquetos, apresentaram o menor nível trófico. Esse resultado não seria possível em estudos que analisam apenas algumas espécies pré-selecionadas. Também foram analisados os efeitos da sazonalidade e forçantes climáticas externas (por exemplo, El Niño Oscilação Sul) sobre as condições ambientais e a comunidade. O copépode Euterpina acutifrons, o ciliado Favella ehrenbergii e “outros ciliados” foram indicadores de variação sazonal, com alta abundância no período chuvoso. Diante deste estudo conclui-se que uma pequena variação dos fatores abióticos, causados pela precipitação na Baía de Tamandaré, é a principal responsável pela variação sazonal e interanual do microzooplâncton, sobretudo nos grupos funcionais de copépodes. O método SBIM é uma nova e importante metodologia para descobrir quais espécies-chave estão ocupando os níveis tróficos a partir de análise de isótopos de toda a comunidade. Os estudos desenvolvidos nesta tese ofereceram um vislumbre dos fatores ecológicos que regem a variabilidade e as relações tróficas do microzooplâncton em um ecossistema costeiro tropical.