Autoconsciência em adolescentes e adultos e indicadores psicopatológicos : análise sincrônica e diacrônica de suas relações

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: SILVA JUNIOR, Renê Marcelino da
Orientador(a): NASCIMENTO, Alexsandro Medeiros do
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Psicologia Cognitiva
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/38072
Resumo: Autoconsciência é definida como a capacidade de prestar atenção a si mesmo e por consequência processar, adquirir, avaliar e armazenar informação sobre o self, constituindo uma ferramenta de autoconhecimento, autorregulação e autocontrole. No entanto, também permite a comparação com padrões sociais e pessoais possibilitando identificar deficiências, limitações e frustrações estando relacionada a experiências aversivas. Os achados de pesquisa têm caracterizado autoconsciência enquanto uma ferramenta psicológica dual relacionada a saúde mental, mas também a transtornos psicológicos. Neste sentido, a presente investigação objetiva estabelecer relações da autoconsciência com indicadores de psicopatologias, explorando os padrões de relacionamento entre os tipos de autofoco (público, privado, ruminação, reflexão, conscientização e atentividade) com diversos sintomas psicopatológicos como afeto depressivo, psicoticismo, ansiedade e obsessividade-compulsividade. Por outro lado, o modelo de autoconsciência de Alain Morin propõe que autoconsciência é provocada por fatores sociais, ecológicos e cognitivos, sendo plausível supor que a organização dos ambientes socioecológicos delineiem rotas de desenvolvimento da autoconsciência e co-ocorram com influências do desenvolvimento cognitivo geral suportando a diferenciação dos mediadores cognitivos de autoconsciência (fala interior e imagens mentais), sob a influencia destes fatores é possível que a autoconsciência sofra diferenciação dos tipos de autoconsciência e flutuação em seus níveis ao longo da ontogênese. Neste sentido o segundo objetivo deste projeto é investigar, em caráter exploratório, o desenvolvimento da autoconsciência entre adolescentes e adultos, é possível que o autofoco sofra diferenciações em função das demandas ecológicas neste recorte do ciclo vital. Para abordagem destas questões propõe-se dois estudos, um do tipo ex-post-facto, transversal de natureza sincrônica para investigar as relações do autofoco com os sintomas psicopatológicos e um segundo estudo a partir de uma abordagem diacrônica para investigar o desenvolvimento da autoconsciência. Participaram do estudo 932 estudantes adolescentes e adultos, com idades de 15 a 65 anos com média de 22,1 (DP: 6,94), 61% são mulheres, 31% são estudantes do ensino médio, 69% universitários. Distribuídos em estratos etários na adolescência (15-19 anos), adultos jovens (20-27) e adultos maduros (29-65 anos). Os participantes responderam o Questionário de Ruminação e Reflexão (QRR), a Escala de autoconsciência disposicional (EAD), a Escala de Depressão do Centro de Estudos Epidemiológicos (CES-D), a Escala de Autoconsciência Revisada (EAC-R), a Escala de Avaliação de Sintomas – 40 (EAS-40), a Escala de autoconsciência situacional (EAS) e um questionário sociodemográfico. O primeiro artigo reporta os resultados do estudo das relações do autofoco com sintomas psicopatológicos, verificamos que entre os dez tipos de autofoco investigados oito apresentaram amplas correlações com os sintomas psicopatológicos demonstrando boa parte da tipologia do autofoco figura como fator transdiagnóstico relacionados a psicopatologia. A conscientização e reflexão disposicional preservaram as qualidades adaptativas da autoconsciência, corroborando o autofoco enquanto processo psicológico dual relacionado a fatores adaptativos e disfuncionais. A ruminação mostrou-se como autofoco mais intensamente relacionado aos sintomas colocando-se como componente causal em diversos deles, mas aparecendo como autofoco sinalizador dos estressores relacionados a renda e ao estado de saúde. No artigo dois a investigação do desenvolvimento do autofoco revelou que o autofoco público, a mediação cognitiva e a ansiedade social apresentaram-se elevados na adolescência juntamente com os sintomas psicopatológicos. Os adultos jovens apresentaram índices de sintomas psicopatológicos também elevados, mas diminuição do autofoco publico, da mediação e da ruminação com aumento da conscientização. Na adultez madura encontramos diminuição nas médias dos tipos de autofoco e sintomas psicopatológicos, mas a conscientização apresenta acentuada elevação em seus níveis, propomos efeitos da experiência e da maturidade favorecendo o manejo flexível da tipologia do autofoco elegendo a conscientização enquanto rota adaptativa preferencial para o enfrentamento de estressores. Os resultados das análises multidimensionais reforçam a natureza dual do autofoco organizando-se em uma faceta adaptativa e desadaptativa.