Violência sexual : impactos sobre o desenvolvimento da autoconsciência e autorrepresentações do self no ciclo de vida

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: SOUZA NETO, Epitacio Nunes de
Orientador(a): NASCIMENTO, Alexsandro Medeiros do
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Psicologia Cognitiva
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/39286
Resumo: A violência sexual contra crianças e adolescentes, modalidade da violência sexual, se caracteriza como todo ato ou jogo sexual, estabelecido nas relações heterossexual ou homossexual, envolvendo um ou mais adultos e uma criança ou adolescente, objetivando estimular sexualmente a vítima, ou utilizá-la para obter estimulação sexual nas práticas eróticas, pornográficas e sexuais impostas por meio de aliciamento, força física ou ameaças. Considerado problema de saúde pública e violação dos direitos humanos, tal fenômeno produz graves consequências biopsicossociais, incluindo sentimentos de culpa, baixa autoestima, comprometimento do desenvolvimento físico e emocional, tornando as vítimas mais vulneráveis a ideias e tentativas de suicídio, bem como a enfermidades psicossomáticas e sexualmente transmissíveis. Apesar de estudos científicos apontarem as consequências da violência sexual na infância e adolescência sobre as dimensões físicas e emocionais das vitimas, pouco ainda se sabe acerca de sua influência sobre o desenvolvimento da autoconsciência e das autorrepresentações do self ao longo da vida. A partir destes pressupostos, este estudo investiga os impactos da violência sexual sobre a autoconsciência e autorrepresentações do self no ciclo vital. O mesmo se caracteriza como estudo de método transversal e comparativo, envolvendo dois grupos de sujeitos participantes, divididos entre vítimas e não vítimas de violência sexual na infância e/ou adolescência. Sua amostra é composta por 236 sujeitos, entre jovens e adultos, de ambos os sexos, estudantes universitários e de diferentes classes econômicas. A investigação é composta por três estudos entrelaçados, sendo o primeiro, do tipo ex-post-facto, em que os participantes responderam a apostila contendo questionário sociodemográfico e instrumentos psicométricos; e, os segundo e terceiro, estudos de casos múltiplos, de base qualitativa, a partir de entrevistas semiestruturadas, com uso de roteiro temático. Os dados quantitativos foram analisados através de estatística descritiva e inferencial, testes de correlação de Pearson, Spearman e Pearson Bisserial, teste t de Student, Técnicas de Regressão Múltipla, e Análise de Estrutura de Similaridade. Os dados qualitativos seguiram o modelo interpretativo da dupla hermenêutica, proposto por Giddens (1984), pelo qual é possível desvelar os sentidos que os próprios sujeitos constroem a partir de suas ações, comparados com o sentido que os analistas, a partir de referenciais teóricos e metodológicos constroem em relação às ações e interpretações dos seus interlocutores (Geertz, 1987). Buscou-se assim, compreensões mais amplas acerca dos impactos da violência sexual sobre a estruturação da autoconsciência e autorrepresentações do self; bem como acerca dos fatores agravantes para a ocorrência do fenômeno na infância e adolescência; e, sobre os sentidos que lhes são atribuídos por quem tem o corpo e a intimidade violados, fundamental ao entendimento mais apurado acerca da violência sexual no ciclo vital.